No dia 21 de fevereiro último,numa manhã ensolarada da Póvoa de Varzim, no Casino da Póvoa, o Ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, presidiu à Sessão Oficial de Abertura do 19º Correntes d’Escritas.
Um grande público e a maioria dos oitenta escritores convidados provenientes de quinze países estavam presentes, comungando o desejo de mergulhar no clima da Póvoa que recebia a todos com fidalguia e hospitalidade. Por uma semana os livros, os autores,os escritores,os leitores fizeram a grande festa literária de Portugal.
O Ministro da Cultura, diplomata e poeta,Luís Filipe Castro Mendes, na solene abertura prestou uma justa homenagem à Câmara Municipal da Póvoa de Varzim porque “compreende que com a cultura enriquece não apenas a humanidade mas é também uma fonte de riqueza material. É importante que o poder local compreenda isso e faça um trabalho tão importante como o que a Câmara da Póvoa faz aqui”. Agradeceu ao Casino da Póvoa pela atividade cultural que desenvolve e enfatizou ainda o facto de que “toda a cidade vive estas Correntes d’Escritas. Há um movimento diferente nas ruas”.
O Ministro Luís Felipe que é diplomata e residiu no Rio de Janeiro em reresentação de Portugal no Brasil, chamou-me a atenção por sua grande simpatia e a forma gentil como conversava com todos. Na sua fala,reverenciou o escritor colombiano Juan Gabriel Vásquez, autor do romance "A força das ruínas" (Vencedor do Prêmio Literário Casino da Póvoa 2018) e o brasileiro Luis Fernando Verissimo (autor homenageado na 17ª Revista Correntes d’Escritas).
O Ministro da Cultura transmitiu que “o facto de terem premiado um escritor colombiano revela uma grande dimensão deste encontro: estão presentes duas línguas (português e espanhol) de projeção mundial, dando ao Correntes uma dimensão mundo”.
Luís Filipe Castro Mendes recordou que já participou em algumas edições do Correntes d’Escritas enquanto escritor convidado e realçou “a partilha, solidariedade, amizade e conhecimento uns dos outros” que o evento proporciona.
Sobre os Prêmios Literários,o Ministro, além do grande prêmio do Correntes, fez questão de destacar o Prêmio Conto Infantil Ilustrado que considera “extremamente importante porque cria o amor à leitura” e este propósito referiu outra vertente do evento que entende ser fundamental: "o encontro de escritores com alunos de diferentes níveis de ensino. Sem a literatura a aprendizagem da língua ficaria terrivelmente empobrecida e digo também a aprendizagem da vida”.
O Ministro da Cultura revelou que, na área das bibliotecas, está a ser desenvolvido “um trabalho conjunto com as comunidades intermunicipais com o objetivo de criar redes intermunicipais de bibliotecas e, entre outros, cooperar estreitamente com as bibliotecas públicas e bibliotecas escolares”. Referiu-se ao importante papel das livrarias e a medidas a serem implementadas em relação às mesmas. Anunciou ainda que o governo retomou, em 2017 e ao fim de 15 anos, as Bolsas de Criação Literária e também o Prêmio Design do Livro que terá a primeira edição em 2018.
Presente na Sessão Oficial de Abertura,o Ministro da Cultura de Cabo Verde, Abraão Aníbal Vicente, um dos autores convidados desta edição.
O Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Aires Pereira, lançou o desafio às pessoas principais na realização do Correntes – o Vereador Luís Diamantino e a competente Manuela Ribeiro – para o 20º aniversário do Correntes d’Escritas: “vamos ter que inovar, que nos reinventar, vamos ter que fazer com que isto perdure mais 20 anos. Portanto, dentro deste espírito em que a Póvoa pretende criar uma dinâmica com a participação das escolas e dos nossos alunos e a evolução cultural da nossa sociedade, é um evento que iremos continuar a realizar. Traz, naturalmente, muita visibilidade à Póvoa de Varzim e muito conhecimento, mesmo além-fronteiras”.
Sobre a Candidatura à Rede de Cidades Criativas da UNESCO, Aires Pereira transmitiu que “estamos a terminar esse processo. É também uma forma de darmos maior visibilidade ao evento e, por acrescento, projeção à nossa cidade. Daí o desafio de termos que nos reinventar relativamente a esta matéria, com a mesma simpatia e o mesmo profissionalismo para que os escritores se sintam como em casa”.
O Presidente referiu-se aos diferentes usos que ele – autarca – e os escritores dão à palavra porque desempenham “papéis diferentes” mas com um objetivo comum: “elevar culturalmente a sociedade, reforçando a centralidade da cultura e do lazer no processo de desenvolvimento da Póvoa de Varzim, hoje, e por mérito muito partilhado, uma cidade criativa”.
E a propósito deste objetivo, o edil esclareceu que “será, naturalmente, na literatura que ancoraremos o desígnio de virmos a ser internacionalmente reconhecidos como “cidade criativa”, não esquecendo que as artes se querem juntas e que, portanto, a nossa cidade será também território fértil para os multimédia, o artesanato, o design, o cinema, a música e a arte popular, enfim, para tudo aquilo que, identificando o nosso tempo, afirma a nossa fidelidade às raízes e aos valores que nos caraterizam como comunidade e, portanto, alicerçam a nossa capacidade competitiva”.
Aires Pereira transmitiu que “ao apostar na cultura e no lazer como vetores estratégicos do seu desenvolvimento, a Póvoa de Varzim potenciou não apenas a ambiência cultural que emergiu, renovada, das entranhas deste esforço reabilitador, mas igualmente a tradição que era ainda uma referência e solidificava esse movimento, aliada ao vigor juvenil de uma geração que se afirmava culturalmente nas áreas da literatura e da música. Porque a cultura gera emprego, cria riqueza, dinamiza a economia, capta fluxos turísticos significativos, promove a atratividade da cidade”.
O Presidente da Câmara revelou que “o nosso objetivo é, hoje, fazer da Póvoa de Varzim uma cidade e um território onde a literatura, as artes, a ciência e a tecnologia cresçam juntas, num processo coletivo multidisciplinar, que abrace a comunidade, que gere o ambiente propício à afirmação do talento e dos projetos criativos”.
O Presidente da administração do Casino, Dionísio Vinagre, referiu-se a parceria de 19 anos com a Câmara da Póvoa de Varzim e reiterou que “podem contar connosco para 20ª edição do Correntes d’Escritas e podem continuar connosco sabendo que o Casino da Póvoa nunca deixará de ter, no âmbito da cultura, da arte e do espetáculo, o apoio àquilo que é nosso”.
Em representação dos escritores, Inês Pedrosa afirmou que "encontramos aqui, todos os anos, o brilho dos olhos dos leitores, esse brilho que nas horas difíceis nos dá o alento e nos faz continuar".
Esta cerimónia contou, como habitualmente, com o lançamento da Revista Correntes d’Escritas 17, dedicada a Luis Fernando Verissimo que por razões de saúde teve de cancelar a sua participação nesta edição, enviando um texto que foi lido por Manuela Ribeiro: “um grande abraço a todos. No ano que vem, não faltaremos”.
Quanto aos Concursos Literários vale registrar:
O conto Balanton de Ana Beatriz Correia de Sousa, que concorreu com o pseudónimo de Anita Guimarães, foi o escolhido para o Prémio Literário Correntes d’Escritas Papelaria Locus.
Em relação ao Prémio Conto Infantil Ilustrado Correntes d’Escritas Porto Editora, receberam os prémios os autores dos seguintes trabalhos: primeiro lugar: “O Advento na Achada”, do 4º ano da Escola EBJI Dr. Clemente Tavares, de Gaula, S.ta Cruz, Madeira; segundo lugar: “A Mochila Esquecida”, do 4º ano A da Escola Básica José Manuel Durão Barroso, de Armamar; terceiro lugar: “Onde a LUZ se esconde”, do 4º ano B e 3º da Escola Básica José Manuel Durão Barroso, de Armamar. Foi ainda atribuída uma Menção Honrosa de Ilustração ao trabalho “Nweti, a filha da lua” do 4º ano D da Escola Portuguesa de Moçambique – Centro de Ensino e Língua Portuguesa de Maputo.
O Prémio Literário Fundação Dr. Luís Rainha Correntes d’Escritas 2018 não foi atribuído por o júri considerar que a obra a concurso não correspondia “à exigência literária necessária para a sua concessão”.
Nota: Este texto está baseado no comunicado da Assessoria de Imprensa do XIX Correntes d’Escritas, de autoria de Fátima Serra_GRPE.