Mensagem
Poetas, é preciso romper o amanhã
em que a Poesia seja virgem de palavras!
Que a ideia emerja pura do seu ninho,
pura como um jacto de água!
Que tenha o silêncio magnético
do voo em triângulo das pombas
e todos os homens a recebam
como as árvores recebem a Primavera!
Que se entregue intacta a imagem
que os nossos olhos transportaram,
intacta, como a chama que nenhuns dedos tocaram!
Que ela jorre puríssima da nascente
que cada poeta tem dentro de si
e que a bebam os homens de joelhos –
Hóstia perfeita, numa imensa comunhão.
Maria Madalena Monteiro Férin,
Poemas, Arquipélago, Coimbra, 1957
Nota: Este poema é da gentileza do poeta Eduíno de Jesus que tendo prefaciado o livro seleccionou o poema para a netAntologia.
Maria Madalena Monteiro Velho Arruda da Câmara Pereira Férin (1929-2010), funcionária pública, poeta, nasceu na ilha de S. Miguel, cresceu na de Santa Maria e trabalhou em Faro e em Lisboa onde faleceu.
Olegário Paz (netAntologia)