Quis es?
Não sei que oculta mão impele o vento
E na floresta, à noite, o faz chorar;
Não sei que hercúleo braço aguenta o mar,
E ao sol dá luz, aos astros movimento.
Nem sei quem dá aos tristes seu tormento,
E n’alma assim nos põe este anelar,
Nem quem à ave ensina seu trinar,
E o berço à cova une num lamento…
Não sei, não sei quem és, sombra adorada
Que a Mente nos céus vê mal esboçada…
Fantasma colossal que está sonhando…
Inominado Ser…abre-me o seio…
Não deixes que minh’alma em vago anseio
Te fique eternamente sofismando.
Miguel Alvim,
in Revista de Cultura Açoriana,
Lisboa, Casa dos Açores, 1989.