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Este conteúdo fez parte do "Blogue Comunidades", que se encontra descontinuado. A publicação é da responsabilidade dos seus autores.
Imagem de MOMENTOS  DESTACADOS 14º CORRENTES D`ESCRITAS
Pelouro da Cultura – Póvoa de Varzim (1/3)
Comunidades 25 fev, 2013, 20:03

MOMENTOS DESTACADOS 14º CORRENTES D`ESCRITAS Pelouro da Cultura – Póvoa de Varzim (1/3)

Da 14ª Edição das Correntes d`Escrita realizada pelo Pelouro da Cultura,da C.M. da
Póvoa de Varzim e que se encerra neste sábado,23 de fevereiro, destacamos  alguns momentos que bem
comprovam a importância cultural das Correntes no seio da comunidade literária de expressão portuguesa
e não só.
Aos Organizadores,parceiros e realizadores do 14º Correntes d `Escrita e a todos os participantes nossos cumprimentos  por mais uma edição de grande sucesso, fruto de muito trabalho
e dedicação.

Blog Comunidades,RTP-Açores
Irene Maria Blayer, Ontário,Ca.
Lélia Pereira Nunes, Santa Catarina,Br.

I – QUE SEREI EU SEM AS PALAVRAS?
       MOMENTOS  DESTACADOS 14º CORRENTES D`ESCRITAS
Pelouro da Cultura - Póvoa de Varzim (1/3)
A língua portuguesa foi ouvida com diferentes musicalidades, na 4ª Mesa, dedicada ao tema “e eu já nada sei soprar sobre as palavras”, uma frase retirada do livro De Amore, de Armando Silva Carvalho. Manuel Rui, Manuel Jorge Marmelo, Helder Macedo, Carmen Dolores, Richard Zimler, Rubens Figueiredo e Michael Kegler, como moderador, são de gerações, nacionalidades e culturas distintas, mas há algo em comum: o livro e a palavra.
Michael Kegler – O tradutor afirmou que “frases soltas são as mais difíceis de traduzir” e, em alemão, disse “e eu já nada sei soprar sobre as palavras”, tradução que não arriscaremos reproduzir neste texto.
Rubens Figueiredo explicou que “as coisas não são abstratas. Para tudo há sempre um contexto e o desta frase é o convite que me foi feito para estar presente aqui hoje. O verso estará sempre associado ao convite”.
Richard Zimler abordou um tema que, mais tarde, o público não esqueceria e inquiriria os outros escritores. “Penso que todos os escritores do mundo estão a ser influenciados pelas necessidades editoriais para não escreverem certos livros, nos quais o enredo é complexo ou porque existem personagens estranhas. O drama é que esta situação está a afetar os jovens escritores. Mais tarde ou mais cedo estaremos a eliminar tudo o que é novo, estranho, complexo. Todos querem escrever sobre vampiros”. A este respeito, Helder Macedo contrapôs: “a má literatura é o estrume da boa literatura”.
Manuel Jorge Marmelo recordou o “professor Orlando, escrevendo palavras a giz no quadro negro e depois apagando-as e soprando o pó branco que nele sobravam”.
Helder Macedo, sobre o verso que foi tema para esta Mesa, disse que “a voz é um instrumento de sopro” e contou episódios sobre a sua infância na Zambésia, “o tempo mais musical da minha vida, quando comecei a descobrir palavras”.“Com as palavras eu pude contar as mais maravilhosas histórias, viver os mais arrebatados sentimentos. Com as palavras, eu vivi amores impossíveis, frustrados e vingativos, mas também amores alcançados. Com as palavras cheguei ao ser mais distante e inatingível. Por isso, não me tirem as palavras. Que serei eu sem as palavras? Mesmo que um dia o fôlego me falte e a voz se torne menos límpida, as palavras estarão sempre lá, no livro que o escritor me deixou, o mais rico património de qualquer povo e que há de resistir a todas as modas, a todos os progressos. Porque sentir nas mãos as páginas de um livro é viver para além da nossa própria vida”. E porque nesta edição do Correntes d’Escritas se celebra a poesia, Carmen Dolores terminou a sua intervenção dizendo um poema de Eugénio de Andrade.

II – “Desse País arranquei todos os Cravos”.
    MOMENTOS  DESTACADOS 14º CORRENTES D`ESCRITAS
Pelouro da Cultura - Póvoa de Varzim (1/3)
O bom humor e a descoberta de novos termos linguísticos foram a consequência de reunir escritores a falar sobre “desse país arranquei todos os cravos”, o tema da 5ª mesa de debate do Correntes d’Escritas.
Rui Zink, Maria do Rosário Pedreira, Nuno Camarneiro, Luís Carlos Patraquim e Ignacio Martinez de Pisón foram intervenientes na sessão, conduzida por Carlos Quiroga.
A última intervenção foi de Rui Zink ‘GRANDOLIZADO’- Mas a brincar lá foi dizendo coisas sérias, como contestar o que algumas pessoas por vezes lhe dizem: “os escritores não devem meter-se na política, devem é escrever”. Pois, o escritor concorda que cada profissional deve dedicar-se a “fazer aquilo que faz bem”, mas vendo bem, acrescentou, “se o bombeiro deve dedicar-se a apagar fogos, se o sapateiro deve dedicar-se apenas a fazer sapatos, então, quem é que sobra para exercer o dever de cidadania, quem sobra para se manifestar?”
Rui Zink contrapõe a estes argumentos que “prefere conviver com escritores que são bons cidadãos” e ele próprio procura escrever e entrosar-se com o que se passa à sua volta e ser um bom cidadão, defendendo que “o nosso dever é ler e escrever com os olhos bem abertos”.
Maria do Rosário Pedreira está no Correntes d’Escritas desde 2001.O mote dos cravos levou Maria do Rosário Pedreira a focar-se numa foto de família dos seus tempos de criança, um quadro em tom “cinzento como o país”, que constituiu o ponto de partida para um rol de recordações dos tempos de infância e juventude.Histórias a maioria cheias de humor e bizarrices foram passando por um Portugal dos anos 60, o país cinzento que floresceu com os “cravos colocados na ponta das espingardas que não dispararam um tiro” até à aquela pequena que estava na fotografia antiga atingir a idade adulta.
Durante todo este percurso de vida que apresentou ao público estava subjacente a reflexão que inquietava Maria do Rosário desde criança: “quais são os teus deveres para com a Pátria?” A pergunta foi feita num exame da 4ª classe, mas só em adulta, a escritora atinge a maturidade para descrever os seus deveres: “ler, escrever e dizer Não”. A intervenção da escritora originou uma ovação no Auditório.
Nuno Camarneiro também emocionou a plateia ao começar a sua intervenção com uma espécie de refrão do texto que leu: “Portugal é uma dor que me apanha isto tudo” (ao mesmo tempo punha a mão no peito).
E prosseguiu: “Já matei o meu país muitas vezes por palavras, atos e omissões. Não só lhe arranquei os cravos, como as unhas, os olhos e a memória, que é o que um país tem de mais valioso. Por exemplo, a memória dos Descobrimentos, que, se eu mandasse, tinham sido feitos apenas pelos espanhóis e não se falava mais nisso; ninguém poderia dizer: somos pobres, mas já fomos um grande império.
Gostava de ver regressar D. Sebastião só para lhe dizer algumas verdades, mover-lhe um processo por gestão danosa e vê-lo nos programas da manhã a explicar que fez tudo com a melhor das intenções e aguentar a lagrimazinha no canto do olho. Mas é essa lagrimazinha ao canto do olho que é o meu país. E é por isso que eu gosto dele, embora não gostando dele, o país do «Olha, vai-se andando», do «tudo se há-de arranjar»…”
O jovem escritor foi discorrendo em tom observador sobre os pequenos feitos e defeitos dos portugueses, defendendo a certa altura que “se a nossa Pátria é a Língua portuguesa, é importante que a mantenhamos limpa (…) como o temos feito durante estes 14 anos do Correntes d’Escritas”.
Ignacio Martinez de Pisón, o escritor que abriu a mesa, associou o mote “desse país arranquei todos os cravos” aos tempos de infância, nos anos 60, de uma Espanha dominada pelo franquismo, onde imperava o “provincianismo”, que levava a que os espanhóis tomassem como “superior” tudo o que chegava do estrangeiro, só porque era diferente e mais extravagante. A intervenção do escritor passou ainda pelo fim do regime de Franco, pelas desavenças entre espanhóis por causa da mudança de bandeira até à atualidade em que a crise está a fazer vir ao de cima novas contestações já se voltando a erguer bandeiras, “por exemplo, na Catalunha”, sublinhou Ignacio Martinez de Pisón.
Luís Carlos Patraquim, que nasceu em Moçambique só porque os pais foram morar para lá, mas vive em Portugal e tem filhas portuguesas, como fez questão de explicar, considerou que o mote da Mesa é um verso bonito: “também gosto de cravos, têm a simbologia que sabemos, todos ouvimos nos últimos dias a &
lsquo;Grândola, Vila Morena’ com cabala ou sem cabala…”
O escritor afirmou que “a usurpação da verdade acontece cada vez mais e que a realidade parece que não existe”, acrescentando: “as palavras estão a ser conspurcadas”. Patraquim aproveitou para citar Afonso Cruz: “Salvem-nos da verdade absoluta”. O escritor alertou: “É preciso que nos salvemos da verdade absoluta que nos é vendida como a não existência de alternativas, tanto aqui como em Moçambique”.
Para terminar lançou o grito revolucionário: “Viva a Resistência; A luta continua!”
Rui Zink terminou a sessão e deu conta de um novo vocábulo que Sara Figueiredo Costa colocou no facebook, a palavra ‘grandolar’, bem adequada depois dos últimos protestos com uma canção, “os portugueses são extraordinários, ainda por cima com uma canção alentejana”, vulgo, “lenta”, “nem sequer é com um rock”…
Também o escritor revelou que inventou outro termo linguístico: ‘tempos gasparianos’ ou se quisermos ‘gasparizar’. Rui Zink aproveitou o pé em terreno político para exigir da plateia que o grandolizasse’, até porque ele é “doutorado e o ministro Relvas uma licenciatura, portanto se ele teve direito, porque é que eu não tenho? Venha daí essa ‘Grândola’, vá!”
A plateia do Auditório levantou-se e cantou a bons pulmões a canção da autoria de Zeca Afonso. Só faltaram os cravos…

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