1.
Como se
de súbito
alguém
(nenhuma voz humana porém)
ciciasse
na noite compacta
absoluta
o teu sorriso
2.
ou um Anjo sus-
pendesse o voo
e ficasse
parado no ar
perplexo (como
num ex-voto)
a decifrar nota
a nota sílaba
a sílaba cada
lágrima
rolando
no teu rosto
EDUINO DE JESUS
Eduíno de Jesus, poeta, ensaísta, homem intelectual e da cultura, açoriano do mundo, é também o amigo gentil e generoso, a pessoa muito querida e especial.
Eduíno de Jesus nasceu nos Arrifes, S. Miguel, Açores (1928). Concluídos os estudos secundários deixou os Açores e instalou-se primeiramente em Coimbra e depois em Lisboa, onde reside actualmente. No continente, Eduíno foi professor do ensino primário e secundário, docente na Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa. Regeu a cadeira de Teoria da Literatura na Universidade Nova de Lisboa e durante mais de 20 anos leccionou diversos cursos e seminários no Departamento de Língua e Cultura Portuguesa da Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa. Eduíno faz parte do conselho de Directores da Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura Verbo e é colaborador da enciclopédia de literatura Biblos e do Dicionário Cronológico de Autores Portugueses do Instituto Português do Livro e da Leitura, e do Grande Dicionário Enciclopédico Ediclube (na parte do Léxico). Publicou três livros de poesia: Caminho para o Desconhecido (1952); O Rei Lua (1955); A Cidade Destruída durante o Eclipse (1957) e em 2005 a Imprensa Naciona -Casa da Moeda, editou o livro Os Silos do Silêncio, reedição selecta e refundida destas três colectâneas poéticas. Também publicou a peça de teatro Cinco Minutos e o Destino (1959). Tem centenas de artigos dispersos em revistas e suplementos culturais. Diz-nos Onésimo Almeida (posfácio Os Silos do Silêncio) que ” Se não existe uma história da Literatura açoriana, Eduíno de Jesus escreveu para ela alguns capítulos fundamentais em prefácios ou posfácios (verdadeiros estudos para livros dos poetas açoriano António Moreno, Pe José Jacinto Botelho), Armando Côrtes-Rodrigues, Virgílio de Oliveira e Madalena Férin” (p. 355).