Quem é Ferreira GULLAR?
Nasceu na cidade de São Luís,Maranhão,1930. Morre no Rio de Janeiro,2016.
Nome:José Ribamar Ferreira
Ou,simplesmente: FERREIRA GULLAR – Ícone da Literatura Brasileira contemporânea, com uma produção vasta e riquíssima, na poesia, teatro e ensaio. Gullar revitalizou o modernismo com .“A Luta Corporal” (1954), “Autor várias vezes premiado, destacando-se o Personalidade Literária do Ano, da Câmara Brasileira do Livro (1979), o Molière (1985) pela tradução de Cyrano de Bergerac , ); o Jabuti (poesia) e o Alphonsus de Guimarães, da Biblioteca Nacional, pelo seu livro "Muitas vozes"(1999), o Multicultural 2000,do jornal “O Estado de São Paulo”, o Príncipe Claus, da Holanda (2002). Suas traduções e adaptações de “Don Quixote de la Mancha” e “As mil e uma noites” são premiadas, respectivamente, pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil e pela International Board on Books for Young People(2003). Em 2005, e pelo conjunto da obra, ganha o Prêmio Fundação Conrado Wessel de Ciência e Cultura, na categoria Literatura, e o Prêmio Machado de Assis, a maior honraria da Academia Brasileira de Letras. Recebeu em 2010 o Prêmio Luís de Camões o mais importante prêmio literário da Comunidade de Países de Língua Portuguesa.Foi considerado pela Revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes do ano de 2009.
Em 15 de outubro de 2010, foi contemplado com o título de Doutor Honoris causa, na Faculdade de Letras da UFRJ.
Em Imperatriz,Maranhão, ganhou em sua homenagem o Teatro Ferreira Gullar.
Em 20 de outubro de 2011, ganhou o Prêmio Jabuti com o livro de poesia "Em Alguma Parte Alguma", que foi considerado "O Livro do Ano" de ficção.
Em 2011, a obra Poema Sujo inspirou a vídeo instalação "Há muitas noites na noite", dirigida por Silvio Tendler. Em 2015, o poema inspirou uma série documental, também denominada: "Há muitas noites na noite", com sete episódios com 26 minutos cada, exibida na TV Brasil entre dezembro de 2015 e janeiro de 2016, também dirigida por Silvio Tendler.
Está editado em vários países, entre eles a Venezuela, a Suécia, Cuba, Espanha.
Algumas obras poéticas: "Um pouco acima do chão”(1949); ).“A Luta Corporal” (1954); “Poemas” (1958); “Dentro da noite veloz”(1975); “Poema Sujo”(1976);”Na vertigem dos dias”(1980); “Toda Poesia”, comemorativo aos seus 50 anos (1980); “Barulhos”(1987); “Poesia Completa,Teatro e Prosa”(2008), org. Antonio Carlos Secchim;"Em Alguma Parte Alguma" (2010);
Foi o postulante da cadeira 37 da Academia Brasileira de Letras, na vaga deixada por Ivan Junqueira,da qual tomou posse em 5 de dezembro de 2014.
Ensaio e outros: “Manifesto Neoconcreto” e a “Teoria do não-objeto” (1959); “Cultura posta em questão” , ensaio (1963); “Indagações de Hoje”(1988),ensaios; “A estranha vida banal”,crônicas (1990); "Rabo de foguete – Os anos de exílio", memórias (1998); “O menino e o arco-íris,”crônicas (2001); “Vanguarda e subdesenvolvimento”, ensaio (2002); “Resmungos”, crônicas (2006, Prêmio Jabuti).
Teatro: “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”(1966, em parceria com Oduvaldo Vianna Filho), que recebeu os prêmios Molière e Saci; “A saída”? Onde fica a saída?”(1967) em parceria com Antônio Carlos Fontoura e Armando Costa e “Dr.Getúlio,sua vida e sua glória”(1968) escrita com Dias Gomes.
www.ferreiragullar.com.br
Dois Poemas… frutos do "espanto"
TRADUZIR-SE
Uma parte de mim
é todo mundo;
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera;
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta;
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente;
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem;
outra parte,
linguagem.
Traduzir-se uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?
…
O MUSGO
Em frente à janela do alpendre
por volta de 1949
o musgo
tomou todo o muro com seu veludo vivo
e verde
assim o mantinha dominado
sob a multidão de suas patinhas macias
e ali ficava como se dormisse
grudado a ele
feito o pêlo de um bicho
prenhe de luz e noite
pois nele formigava um escuro, úmido alarido
e que
de qualquer ponto da cidade
eu podia escutar
eu e os mortos todos
cristalizados no chão da ilha
(Inédito, 2002)
Nota: Este poema O Musgo integra a Antologia "Uma Casa no Atlântico" organizada pelo madeirense António Fournier.