MUXARABIS
Vejo a beleza que se espalha
por detrás da treliça
escondida,
a resguardar a formosura.
Só a réstia e o caminho lunar
podem beijar-lhe a face
e adernar sobre a pelve roliça.
Só a treva a rondar-lhe a boca
e despregar o véu da doçura.
Só os dois a comungar o amor
e entrelaçar os segredos.
Desvendar os devaneios,
os arquejos
e anseios guardados em jura.
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BIGAS
Talvez sigas o caminho mais insano
segurando nas rédeas do tempo.
Equilibrando-se na força de um romano
nas curvas trôpegas do giro
das rodas das bigas.
E o vento sopra…
e coça as ortigas esfregadas na pele
ao relento,
maceradas em cadinho profano.
Pedras alçadas em testemunho
das vozes e pegadas,
das folhas retiradas
pelo ancinho,
e dilaceradas na fogueira
até restar só o chumaço embebido
nos sonhos de antanho,
como uma relíquia
mítica:
saudosa
e ousada.