Somos navega(dores)…
… a dor olha a vida pela vidraça
que disfarça o perfil oculto das origens.
Não podemos penetrar o arco-íris
da alegria ou do sofrimento
sem conhecer o alfabeto do silêncio
impresso nas sebentas que o tempo
esconde no cofre-forte da memória…
poetas são alavancas de recurso
na tormenta dum viver a prazo
com licença da morte para emigrar
em demanda de pátrias celestiais…
somos poetas-emigrantes, vassalos do ideal:
navega(dores) nos mares do espanto
no diálogo com o vendaval do bem e do mal…
Acreditar… é navegar sem rumo
na contra-corrente da existência
com destinos à proa, na ânsia de chegar…
bem-vinda seja a gota do presente
caída no charco do tempo que nos resta:
– cada episódio passa por nós a correr
aragem do Nada que a eternidade empresta…
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poema inédito
JLM
Foto: Victor Melo,site oficial da CM Ponta Delgada