funeral da alegria
ideias! ideias!
gemidos mentais de orgias de luz
nas fendas do pensamento…
ideias de paz traídas pelo aroma falso
de juras malditas, solenemente repetidas,
no bacanal núpcial da banalidade
sobre as cinzas caladas do génio…
ó astros! certezas são cruéis pancadas
no portal do erro disfarçado de verdade…
é pecado dar esmola à saudade
e reinventar lágrimas soluçadas
pelo luto cabisbaixo da espera
de quem não escapa à vida…
a luz do ideal não humilha a sombra
da cava das ideias para melhor brilhar…
prazer e dor são co-pilotos da vida
vestais do ciúme bordado de cobardia…
ambas carpideiras a soldo da maldição
a prantear falsidades no funeral da alegria…
Inédito
Rancho Mirage, Califórnia
( atlanta “comovido a Oeste”)
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cantata aos atletas do ideal
… o quê? que fim, minha irmã…?
o fim é apenas uma vírgula
inventada pela instantaneidade,
que teima fazer do presente
intervalo de recurso à eternidade…
… na vida, o ponta-pé de saída
ignora o apito final da partida;
o insulto à honorabilidade
do atleta do ideal é seta cobarde
espetada no peito da coragem…
presente! ó presente! ninguém te sente…
vamos gozar a brisa frágil de promessas
que o provisório nos consente…
(há momentos gêmeos na eternidade
mas nenhum deles é permanente…)
Verdade! Onde moras? Esbraceja
na “feira-da-ladra” da memória
para que alguém te veja…
(mas não consintas que a tua sina
seja castrada pelo falario da rotina…)
joão-luís de medeiros
Vermont, USA
Novembro, 26 /2007
Inédito