Navegar no mar do espanto
A dor humana olha a vida pela vidraça
que disfarça o perfil oculto das origens…
Vamos penetrar o arco-íris da paz
em busca da sombra do futuro;
vamos soletrar o alfabeto do silêncio
impresso nas sebentas que o tempo
esconde na muralha esfarelada da memória…
Os poetas são alavancas de alecrim
que perfumam o chão dum viver a prazo
em demanda de pátrias do bom-fim…
Poetas! poetas-emigrantes, vassalos do ideal
(navega)dores no mar do espanto
sob o olhar matreiro da estrela-polar
cúmplice dos vendavais do bem e do mal…
Acreditar! Acreditar é navegar em caravelas
na contra-corrente dos oceanos da existência
com destinos à proa, na ânsia de chegar…
Ó ceus! bem-vinda seja a gota do presente
caída no charco do tempo que nos resta:
cada episódio da vida faz parte do rodopiar
da aragem do Nada que a eternidade empresta…
JLM