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Este conteúdo fez parte do "Blogue Comunidades", que se encontra descontinuado. A publicação é da responsabilidade dos seus autores.
Imagem de No aniversário do ilhéu Cruz e Sousa, o Cisne Negro da Poesia Simbolista –
                Lélia Pereira da Silva Nunes
Comunidades 01 dez, 2009, 16:53

No aniversário do ilhéu Cruz e Sousa, o Cisne Negro da Poesia Simbolista – Lélia Pereira da Silva Nunes


“Cruz e Sousa é uma experiência sofrida e vivida do símbolo interior de uma busca espiritual”. 

                       Roger Bastide.

           

 

Há 148 anos nasceu na antiga Vila de Desterro (hoje,Florianópolis)não só a maior figura literária de Santa Catarina, mas a maior personalidade do Simbolismo Brasileiro. Cisne negro da poesia simbolista foi pouco reconhecido em vida embora, muito lutou  para sua realização literária. Tropos e Fantasias é seu livro de estréia. Discípulo da Escola Nova – o Simbolismo direciona toda a sua produção literária para o novo paradigma que surge em oposição ao parnasianismo e ao naturalismo. Publica em 1893 Missal (prosa) e Broquéis (poesia), deflagrando o movimento Simbolista. Na epígrafe de Broquéis, as palavras de Baudelaire: “Senhor Deus! Dai-me a graça de produzir alguns belos versos que provem a mim mesmo que não sou o último dos homens, que não sou inferior àqueles que desprezo.” refletem o seu amargor e sofrimento pelo menosprezo da Desterro excludente e preconceituosa. Combatido, desprezado, transmite em seus versos toda essa carga de dor, discriminações sentidas na carne e pelas adversidades da sua vida ao lado de Gavita, sua mulher.
Sua consagração se revela no aplauso dos Modernistas Tasso Silveira, Cecília Meirelles, Andrade Muricy, Jorge de Lima, Murilo Araújo, entre outros. Com o tempo também a ilha-natal vai reconhecendo o seu valor e lhe reverenciando…
Roger Bastide, sociólogo francês que viveu no Brasil, analisando a gênese do Simbolismo místico na poesia de Cruz e Sousa, afirma que “Cruz e Sousa é uma experiência sofrida e vivida do símbolo interior de uma busca espiritual”. Bastide confere ao poeta um lugar destacado ao lado de Mallarmé e Stephan George.
Cruz e Sousa leva para sua poesia a influência estilística de Baulelaire, Mallarmé e Verlaine. Uma poesia de um excluído, que é voz de seu povo negro, que é voz para sempre de seu povo desvalido – o ilhéu.
Na poesia, deixa transbordar a cadência contagiante, ritmo novo, com o uso de palavras em metáforas que imprimem força, dor, menosprezo, descaso, sensualidade, solidão, enigma. Faz uma poesia musical, com movimento, por vezes polifônica, onde a repetição é um recurso expressivo, com uso sensual das palavras. Para o poeta espanhol, Federico García Lorca, “a poesia é o mistério que as coisas têm”, na poesia de Cruz e Sousa o enigma está presente, mas não se revela. Não se entrega. Desafia, instiga, provoca. É preciso ler e reler e voltar a ler vezes sem conta até descobrir os tesouros e desvendar o mistério do intimismo.
É preciso se achegar suavemente,com a reverência de quem chega a um relicário sagrado e percorrer os labirintos da palavra, penetrar na dimensão humana e mergulhar nas profundezas do imaginário do poeta.

És da origem do mar, vens do secreto,
Do estranho mar, espumaroso e frio
Que põe rede de sonhos ao navio,
E o deixa balouçar, na vaga, inquieto.

Possuis do mar o deslumbramento afeto,
As dormências nervosas e o sombrio
E torvo aspecto aterrador, bravio
Das ondas no atro e proceloso aspecto.

Num fundo ideal de púrpuras e rosas
Surges das águas mucilaginosas
Como a lua entre a névoa dos espaços…

Trazes na carne o eflorescer das vinhas,
Auroras, virgens músicas marinhas,
Acres aromas de algas e sargaços…

( Flor do Mar, In: Broquéis)

De fato, poema não se devora avidamente, saboreiam-se palavras evocando sensações e emoções, valorizando cadência, som e harmonia, permitindo desvendar ou recuperar o que o poeta quis transmitir seja em termos estéticos ou a sua visão do mundo. Não só. Leva a percorrer a viagem do imaginário e penetrar no limbo – o espaço entre o real e o surreal
Observe o que diz em Velho Vento (de o Livro Derradeiro – In: Poesia Completa), aqui reproduzidas apenas quatro estrofes das trinta que compõem o poema:

Velho vento vagabundo!
No teu rosnar sonolento
Leva ao longe este lamento,
Além do escárnio do mundo.

Tu que soltas pesadelos
Nos campos e nas florestas
E fazes, por noites mestas,
Arrepiar os cabelos.

Tu que contas velhas lendas
Nas harpas da tempestade,
Viajas na Imensidade,
Caminhas todas as sendas.

Tu que sabes mil segredos,
Mistérios negros,atrozes
E formas as dúbias vozes
Dos soturnos arvoredos.

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