Opiniões sobre a obra de Norberto Ávila
“A integração neste número de Discursos, consagrado à teatralidade e ao discurso dramático, de um texto inédito deve ser entendida como um gesto de divulgação, mas também, ao mesmo tempo, de homenagem que é devida aos autores que insistem em evidenciar que existe uma produção dramatúrgica portuguesa com qualidade reconhecida. No caso de Norberto Ávila, esse reconhecimento traduz-se, em grande parte, nas numerosas traduções e encenações de que os seus textos têm sido objecto, fora das nossas fronteiras. O que, diga-se de passagem, não deixa de ser um fenómeno típico de uma terra tantas vezes desinteressada da voz dos seus próprios profetas…”.
Carlos Reis – Reitor da Universidade Aberta.
(Norberto Ávila está) “cada vez mais seguro do seu ofício, o que é bem patente na evolução temática e estrutural de uma obra extremamente diversificada, cada vez mais consciente das dificuldades do caminho percorrido e a percorrer, cada vez mais decidido a vencê-las e a chegar ao seu destino”.
Luiz Francisco Rebello – Dramaturgo e crítico teatral.
“A obra dramática deste autor açoriano apresenta uma feição muito pessoal e singular, sem paralelo na restante produção teatral portuguesa contemporânea e, de modo especial, na geração revelada, como ele, no início dos anos 60 (…) Cumpre também referir, como um dos elementos que contribuem de modo relevante para a eficácia dramática do teatro do autor açoriano, a inegável riqueza e qualidade literária dos seus diálogos, que, no entanto, não afecta a sua verosimilhança nem a sua coloquialidade”.
António Braz Teixeira – Presidente da Imprensa Nacional-Casa da Moeda.
“A comédia de Norberto Ávila é não só um bom achado, como uma das suas melhores obras dramáticas, com um diálogo vivo, inteligente, carregado por uma ironia que o torna extremamente comunicativo, uma caracterização de personagens e situações bastante rica, ao mesmo tempo com imaginação e teatralmente verosímil (…)”
Carlos Porto – Crítico de teatro e dramaturgo (a propósito de O Marido Ausente).
“Num país onde o teatro é olhado com pouco interesse pelo poder e com desconfiança pelo grande público, num país onde a edição teatral é escassa e a produção de peças originais portuguesas é diminuta, Norberto Ávila aceitou o risco da situação de dramaturgo profissional; é um dos únicos, senão o único, dentre os nossos dramaturgos actuais, que o fez. A sua produção dramatúrgica é, por isso, regular, e dessa regularidade resulta uma experiência acrescida, um ‘métier’ que apoia a vontade criativa. As suas peças, cada vez mais solicitadas, encontram um acolhimento caloroso, embora continuem – é mania nacional – a ser melhor conhecidas no estrangeiro que em Portugal.”
Valentim Lopes
“Cabe ao criador dramático saber trabalhar os elementos que lhe chegam do passado, tornando-os universalmente aplicáveis, logo mais condicentes com a sua utilização numa estrutura ficcional. Não se espera, naturalmente, que o autor adultere os dados que a História apurou, mas que trabalhe esses acontecimentos por forma a destacar a «exemplaridade» dos factos que utilizou. Este difícil entrelaçar da História na Ficção é feito de uma forma que posso adjectivar de magistral, nestes dois dramas de Norberto Ávila (Do Desencanto à Revolta/Os deserdados da Pátria)”.
Ana Isabel Vasconcelos – Universidade Aberta.
“Nada falta, pois, para fazer de Uma Nuvem sobre a Cama uma verdadeira festa: festa, porque festeja um tema de sempre; festa porque o autor sabe usar festivamente a sua linguagem; festa, enfim, porque nos dá festa dentro da festa”.
Maria Isabel Rebelo Gonçalves – Universidade de Lisboa.
“Ao ler este livro entramos na intimidade de “figuras de alto coturno” e que, de igual modo, ajudaram a construir o século XIX português: Eça de Queiroz, Guerra Junqueiro, João de Deus, Batalha Reis, Germano Meireles, Alberto Sampaio, Teófilo Braga, José Fontana, Bulhão Pato, Adolfo Coelho (o primeiro português a ter a coragem de preconizar a separação do Estado e da Igreja), Salomão Sáragga, entre tantos outros nomes que questionaram Portugal e entreviram a direcção definitiva do pensamento europeu. Aqui também se evocam e convocam nomes como Alexandre Herculano, Camilo Castelo Branco, Júlio Dinis, Bordalo Pinheiro, Columbano, António Feliciano de Castilho, Joaquim de Vasconcelos, Carolina Michaelis. E aqui se recordam autores estrangeiros indissociáveis da Geração de 70: Flaubert, Proudhon, Victor Hugo, entre outros”. Victor Rui Dores – Professor/escritor (sobre o romance No mais profundo das águas).
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As Histórias de Hakim
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NOTA:
Esta introducção a Norberto Ávila foi organizada em colaboração com o professor Carlos Enes.
Carlos Enes nasceu na Vila Nova, Ilha Terceira. Professor de História no Ensino Secundário, desde 1978, exerceu também funções docentes na Universidade Eduardo Mondlane (1981-84), Maputo, e na Universidade Aberta (1996-2003), Lisboa. Mestre em História Contemporânea (1993), pela Universidade Nova de Lisboa, tem-se dedicado à investigação da história açoriana, com vários livros e artigos publicados, colaboração abundante na Enciclopédia Açoriana e realização de palestras em diversificados. É autor do romance Terra do Bravo de Carlos Enes (Editado pelo Instituto Açoriano de Cultura, Angra do Heroísmo, Terceira, Açores, 2005) -edição esgotada-