Para os que ainda não conhecem o filme,aqui estão algumas informações sobre:
– A ANTROPÓLOGA –
1. O Filme
A protagonista Malu (Larissa Bracher), antropóloga açoriana da Ilha do Pico, resgata com grande suspense os mistérios da cultura popular e do folclore da Ilha. É por meio do olhar de Malu que a Costa da Lagoa se transforma em cenário de experiências emocionantes, que unem humanos e espíritos em ambientes de intensa magia. Muitos planos sugerem um olhar de “espreita”, muito comum na comunidade da Costa da Lagoa, seja pela característica da pequena localidade de pescadores ou pelo olhar de um ser estranho presente nas lendas locais e no filme. Esses enquadramentos, segundo Nunes Pires, não correspondem a planos do narrador e sim de alguém que observa esses momentos.
2.O Enredo
O enredo de A Antropóloga é também uma homenagem às tradições populares de Florianópolis. A obra de Franklin Cascaes, renomado artista plástico e pesquisador da Ilha, inspiram o eixo central da trama que envolve Malu em surpreendentes descobertas.
Oferecendo entretenimento, suspense e conhecimento sobre este estranho aspecto da cultura catarinense, nosso público alvo pretendido é o freqüentador de cinema, acima de 12 anos, morador das grandes cidades
3.Sinopse
A Antropóloga é um longa-metragem de suspense que aborda a relação dos habitantes da Costa da Lagoa, um reduto açoriano em Florianópolis, com o mundo sobrenatural, no tempo presente. Por meio da protagonista Malu, uma antropóloga açoriana, nascida na Ilha do Pico,que vem ao sul Brasil desenvolver uma pesquisa sobre etnobotânica, são vivenciadas experiências que desafiam o limite do entendimento sobre a razão e a imaginação.
Aos 33 anos, Malu realiza na Costa da Lagoa sua primeira pesquisa de campo como antropóloga. Mais do que um marco em sua carreira, a viagem a Florianópolis também representa a chance de evoluir em sua vida pessoal, marcada por relacionamentos difíceis e perdas. É com Dona Ritinha, a benzedeira mais famosa da comunidade, que Malu começa o aprendizado sobre a cultura mística que os descendentes de açorianos preservam no local. Ao acompanhar seu trabalho com as ervas no tratamento de Carolina, filha do médico Adriano, Malu descobre que a menina está sendo empresada por uma bruxa maléfica. O Velho Delano é quem reforça para Malu a necessidade de acreditar no sobrenatural e, mais do que isso, acaba envolvendo-a na cura da menina.
Lila, a amiga e professora que vive nos Açores, encoraja Malu a vivenciar a pesquisa em toda a sua magnitude. Apresenta a ela o trabalho de Franklin Cascaes, famoso artista de Florianópolis que retratou o imaginário popular da Ilha em suas obras. As respostas que encontra no acervo de Cascaes, aliadas ao conhecimento de Dona Ritinha, levam Malu a um caminho inesperado.
Malu sofre conflitos emocionais e singra a verdadeira viagem rumo ao autoconhecimento.
Foto Cláudio Silva
4.Roteiro
Com base no argumento original de Tabajara Ruas, as roteiristas catarinenses Tânia Lamarca e Sandra Nebelung realizaram extensa pesquisa para o desenvolvimento de uma história de suspense, que é considerado um gênero inovador na produção cinematográfica nacional. O resgate histórico das tradições açorianas, a cultura do sobrenatural e a busca pelo auto-conhecimento são as tônicas dramáticas do filme, que homenageia ainda Franklin Cascaes a partir da incorporação de seu legado artístico aos rituais e elementos retratados no filme. Depoimentos documentais de moradores da comunidade da Costa da Lagoa também foram inseridos na narrativa, no sentido de destacar e preservar a riqueza das informações, enaltecendo ainda o trabalho de pesquisa.
O desafio das roteiristas de conceber uma trama de suspense de forma notória, respeitando as diferentes abordagens de um tema polêmico, e revelando também aspectos curiosos da cultura local, representou um crescimento no exercício da construção de dramaturgia para o cinema catarinense.
5. Locações
A pacata comunidade da Costa da Lagoa transformou-se, durante 45 dias, num verdadeiro set de filmagem. As principais locações foram os barcos, o casario açoriano, a mata nativa, o engenho de farinha, as ervas, os cipós e outros elementos não menos enigmáticos. A região ainda conserva a natureza intacta, e é considerada um dos últimos redutos culturais e ecológicos de Florianópolis. Além disso, o acervo artístico de Franklin Cascaes são destacados no filme.
O diretor Zeca Nunes Pires enfrentou situações inesperadas durante a filmagem. “De repente, estávamos prontos para rodar uma cena comum e vinha uma ventania e acabava com o nosso dia de filmagem. Mas tivemos paciência, afinal estávamos invadindo um local misterioso, habitado por bruxas e benzedeiras. Soubemos respeitá-las, também”.
O diretor de arte, Cristiano Amaral, e sua equipe, usaram muita criatividade para cenografar um filme tão rico em imagens. Entre os maiores desafios estão o sabá, que é o grande encontro dos seres sobrenaturais, e o barco do pescador Pedro, que é tomado pela vingança das bruxas.
A comunidade também participou ativamente das filmagens. Além dos inúmeros figurantes, algumas cenas destacaram personalidades locais. Entrevistas documentais com antigos moradores que foram inseridas ao longo da narrativa, como uma forma de retratar o trabalho de pesquisa da personagem Malu.
6. O Elenco
A equipe do filme é composta, quase que totalmente, por profissionais catarinenses. Entre os atores, apenas Larissa Bracher (Malu), veio do Rio de Janeiro. O diretor Zeca Pires, além de adorar o trabalho da atriz (com quem já trabalhou em Procuradas), queria alguém com um olhar estrangeiro sobre os nativos. “Isso foi fundamental na escolha. O trabalho de Larissa surpreendeu a todos”, diz Zeca.
O elenco local é composto por Jackie Sperandio (Tereza); Luige Cútulo (Adriano); Rafaela Rocha de Barcelos (Carolina); Sandra Ouriques (Dona Ritinha); Severo Cruz (Velho Delano); Eduardo Bolina (Pedro); Paula Petrella (Sueli); Ricardo Von Busse (Jair); Antonella Batista (Lila), Édio Nunes (taxista) e o trio gótico Pedro Paulo Pitta (Pan), Fernanda Marcondes, (Rainha Diana) e Aline Maciel (Silvanus). Todos os atores participaram de um trabalho de preparação de elenco de três semanas, realizado pelo diretor teatral Celso Nunes.
7. A Fotografia
A Antropóloga foi filmado durante o inverno, quase que totalmente no cenário de natureza exuberante da Costa da Lagoa. A fotografia foi estudada juntamente com o diretor da área, Charles Cesconetto, prevendo uma luz fria em sua maioria, com zonas escuras e com possibilidades amplas de trabalhos de marcações e manipulações digitais de cores e texturas já planejados por Cesconetto e Marcelo Siqueira (Sica), Técnico e Diretor de Fotografia da Teleimage/Casablanca.
A Casablanca/Teleimage, associada ao filme, será responsável por alguns efeitos e pela ampliação digital (transfer) de super-16 para 35 mm. Os negativos utilizados foram 7205 e 7210 da KODAK.
8. Patrocínio e Apoio
O filme foi vencedor do prêmio Governo do Estado de Santa Catarina/ Fundação Catarinense de Cultura / Cinemateca Catarinense-ABD/SC na categoria de longa-metragem, que sofreu vários atrasos até o pagamento da parcela relativa à filmagem.
São também Patrocinadores:Petrobrás, Banco Bonsucesso, Fábio Perini, Eletrosul, Tractebel, Imagem Filmes, Supermercado ANGELONI, Governo Regional dos Açores, Direção Regional das Comunidades do gabinete da presid~encia do Governo Regional dos Açores e da RTP-Açores.
Apoio Institucion
al: Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Departamento Artístico Cultural , Museu da UFSC, Núcleo de Estudos Açorianos, Fundação Aníbal Nunes Pires, Casa dos Açores Ilha de Santa Catarina, Fundação Açorianista, Cinemateca Catarinense/ABD-SC, FUNCINE, Fundação Franklin Cascaes, Fundação Catarinense de Cultura
CELESC.
Dos Açores recebeu o apoio institucional da RTP Açores que cedeu imagens de seu arquivo.
Apoio Cultural: Supermercados Rosa, Floripa Turbo, Reunidas, Marina do Canto (Fedoca) e Intelbrás.
Co-produção: Teleimage/Casablanca, Quanta e Acquafredda.
Distribuição:
IMAGEM Filmes
Depoimentos Sobre A ANTROPÓLOGA:
a) – De Larissa Bracher (Malu, A Antropóloga)
Passaram-se 12 luas desde que cheguei da Costa e ainda me é difícil descrever a sensação de ter experienciado “A antropóloga” distanciada da própria Malu. Como ela saiu dos Açores, em busca do que exatamente não sabia, mas munida de uma intuição de que a partir dali não seria a mesma, saí eu também, do Rio de Janeiro, não sem antes me dar conta que as poucas aulas de sotaque me invadiam de uma maneira tão assustadora que até em meus sonhos já falava com a tal melodia açoriana, que até então nunca ouvira.(…)
O vilarejo foi-se revelando naquela tarde de Agosto de 2006, O barulho do motor do barco era ensurdecedor e meus olhos percorriam sentenciados os desvãos dos céus na água. Era todo um medo velado e um desejo arrepiado de que tudo fosse para o bem. E foi. O contato com os moradores locais, com meus companheiros atores, as neblinas, o frio cortante, o som ao longe das farras do boi, o tão temido vento sul, o engenho, as premonições noturnas, as fogueiras, o violão, a encantadoras, talentosas e dedicadas equipes de produção e criação, as gargalhadas, o sotaque, os cenários, as matas, os choros em silêncio, os sons daquelas madrugadas foram se tornando um mantra e eu me entregava em transe como num sabá desconhecido, nas coisas já sem desfazimento.
Não tenho medo de dizer que este filme não foi só um importante marco na minha curta carreira como atriz, mas também uma experiência mística, uma ruptura e um auto-conhecimento, assim como o foi para a minha querida Maria de Lourdes Ramos de Azevedo Gomes, a Malu.
Posso dizer, hoje, me sentindo agraciada, que voltei há 12 luas da Costa e há 12 luas a Costa não voltou de mim
b) – De Celso Nunes (Diretor de Teatro e preparador dos atores)
O que será que um diretor de teatro cujo trabalho sempre se expressou pelos recursos do palco tinha a fazer com o elenco de um longa-metragem? – foi com esse tipo de pensamento que fiquei, depois de ter sido convidado pela produção d’A Antropóloga para integrar a equipe de criação do filme.
Rapidamente qualquer dúvida foi-se dissipando pois tanto a Maria Emília quanto o Zeca Pires sabiam exatamente o que esperavam de um preparador de elenco: muito ensaio e baixas definições ao expressar os contornos dos papéis.(…)
Enquanto a história era centrada numa antropóloga, nós próprios fomos fazendo nossas antropologias pessoais, identificando em nossas experiências vividas as características que podiam ser canalizadas para os personagens.
Foi bom e esperamos que seja tão bom quanto para os espectadores.
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Sobre o Diretor Zeca Nunes Pires
José Henrique Nunes Pires, ou Zeca Nunes Pires, como é conhecido, é um dos profissionais com produção cinematográfica mais representativa de Santa Catarina. A maioria de seus trabalhos têm um forte vínculo com a cultura popular do Estado, entre os quais, destacam-se: co-direção, juntamente com Norberto Depizzolatti, no curta-metragem Manhã(1989) e no documentário Farra do Boi(1991); direção e produção do Ponte Hercílio Luz – Patrimônio da Humanidade (1996); direção do documentário “Bois em Farra” (1996) e do “Festa do Divino, Tradição de Fé” (1998); direção do premiado curta Ilha (2001); produção-executiva dos curtas de Penna Filho, Naturezas Mortas (1995) e Victor Meirelles – Quadros da História (1996); assistente de direção de Cacá Diegues em Um Trem Para as Estrelas (1988) e de Sylvio Back em Cruz e Sousa – O Poeta do Desterro (1999).
Seu primeiro longa-metragem, “PROCURADAS”, finalizado em 2004 e dirigido em parceria com José Frazão, foi selecionado para a Mostra Oficial do Festival de Cinema de Gramado. Realizou, também com Frazão, o episódio “Perto do Mar”, da série Curtas Catarinenses, realizado para RBS-TV e Tvi – Cinema e Televisão.
Em julho de 2005 produziu e dirigiu o documentário “Caminhos do Divino”, com roteiro de Tânia Lamarca, também exibido na RBS-TV. Ainda em 2005, fez a produção-executiva do curta “Um Tiro na Asa”, de Maria Emília de Azevedo.
Com base em toda a experiência acumulada nestes trabalhos, Zeca deu mais um passo importante em sua carreira em 2006, respondendo sozinho pela direção do longa-metragem, “A ANTROPÓLOGA”, que está em fase de finalização. O projeto, que recebeu o prêmio de longa-metragem do Governo do Estado de SC/Cinemateca Catarinense, resgata a cultura herdada dos colonizadores açorianos numa comunidade remota de Florianópolis.
Além da vasta produção cinematográfica, Zeca também registra grande experiência acadêmica. É formado em Administração pela ESAG (Escola Superior de Administração e Gerência) e em Jornalismo pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), tendo realizado mestrado no Curso de História da UFSC com um projeto enfocando os dois pioneiros do cinema catarinense: José Julianelli e Alfredo Baumgarten(publicada pela FURB e Edd.Movimento,2000)Foi um dos fundadores da Cinemateca Catarinense/ABD-SC, da qual foi presidente por diversas vezes, e do Fundo Municipal de Cinema. É co-autor do livro “O Cinema em Santa Catarina” (1987). Autor de inúmeros artigos sobre cinema publicados no jornal Diário Catarinense. Ainda em suas atividades de documentarista foi secretário da ABD/Nacional.
Zeca foi ainda um dos criadores do Curso de Cinema e Vídeo da UNISUL (Universidade do Sul de Santa Catarina), e diretor do Departamento Artístico Cultural da UFSC (1996-2000). Recebeu a Medalha Cruz e Sousa de Mérito Cultural, em novembro de 1999, sendo condecorado pelo Governador do Estado de Santa Catarina e escolhido pelo Conselho Estadual de Cultura por seu trabalho na área de cinema.
Atualmente, Zeca é doutorando em Engenharia de Produção pela UFSC na área de mídia e conhecimento, com a temática Cinema Digital.
Contatos:
mundoimaginarioprod@gmail.com, zecapires@dac.ufsc.br,
Crédito Fotos:Cláudio Silva
Release:Zéca Pires