orfandade da virtude…
… desta vez, talvez não esteja errado:
fui condenado a servir de esboço ao Ideal
inventado pelo arco-íris duma quimera;
e pronto! sou parente da orfandade da virtude
a tropeçar na sombra de santa espera
cativo mirrado junto ao jazigo da dúvida errante…
espero não morrer do susto por estar ainda vivo…
trago a ilha-berço no meu chão mental
a estremecer medos nos lábios dos romeiros…
a valentia da fé não teme os desafios do cansaço
nem a solidão ancestral da minha ínsula
ignora o basalto movediço do destino…
… pecador-amador – guardião do verdear da verdade!
crente na cura relativa do catecismo contrito
avesso à orfandade da santidade em saldo…
– ó Sol… quero acreditar que neste terroso planeta
do pecado por atacado com rótulos de virtude
a coragem existe, para além do egotismo humano…
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inédito
joão-luís de medeiros
Março / 2011