Os sonhos são da Larissa
A notícia pegou-nos de surpresa, logo nos primeiros dias de janeiro de 1992. Tua mãe estava grávida. Era uma menina ainda agora. Era uma mulher. Chorei muito. Sonhos desfeitos. Os meus. Não, os da tua mãe que junto do teu pai ,embora muito jovens, assumiram com a maior responsabilidade, que os seus dezoitos anos permitiam, a tua chegada.
As lágrimas daquele Janeiro, que hoje busco, na fria noite de 10 de Julho de 1992 eram de grande alegria pelo teu nascimento.
Vinte anos depois, a nossa bonequinha de cabelos muito encaracolados, olhos castanhos imensos, abertos para o mundo e um sorriso que ora aparecia tímido, quase triste, ora se iluminava e resplandecia em sonoras gargalhadas por toda casa desabrochou: é uma bonita Mulher, em todos os sentidos que a palavra gênero femino representa.
Desde sempre a tua tristeza e as tuas lágrimas foram nossas e a tua alegria o nosso maior prazer. Pois. És, a nossa filha de açúcar, a nossa neta, a nossa continuação e a certeza que continuaremos em teus filhos e netos. És o nosso AMOR realizado.
Até agora escrevi usando o pronome Nós, um nós de família e não uma soma de eus.
Daqui em diante vou falar na primeira pessoa: Eu, Lélia ou avó que nem sempre foi de açúcar para te dizer o quanto te amo minha querida neta Larissa. O quanto sinto orgulho da menina-mulher, linda, elegante, sorriso de Monalisa com imensos olhos castanhos que continuam abertos e bem abertos abraçando o seu mundo, buscando seu caminho e construindo o seu amanhã. Da mulher-amiga sempre pronta a estender a mão a seu amigo. Da mulher-sentimento que vive suas emoções sem espalhar ao vento, mas vive intensamente no seu dia a dia. Da mulher-neta que tantas e tantas vezes conflitei na minha ânsia de mãe-avó de querer ensinar a fazer a renda da vida, ou melhor, de querer fazer a tua renda e entrelaçar todos os fios por ti. Esquecia que a tua renda só tu podias fazer. Que tinhas que tecer os fios de um “pico” que podia ser ancestral, no entanto, a tessitura era só tua, mesmo que no avesso o emaranhado de fios não permitia antever a beleza da renda.
Querida Larissa, na vida somos guardiãs e reprodutoras de uma herança da humanidade, na dádiva infinita do papel de mulher. Na juventude dos teus 20 anos, és a herdeira desse legado de valores sociais, éticos e culturais que contribuem para a formação da mulher-cidadã, livre, independente ciente de seus direitos e de suas responsabilidades.
Como aquele primeiro vagido de 1992, não deixes de bramir aos quatro cantos os teus sonhos e ousar realizá-los pelo bem da tua felicidade. Não percas nunca a ventura de viver uma grande emoção, de viver plenamente o amor sob qualquer circunstância. Da intensidade da paixão à serenidade do carinho.
Viva, minha querida Larissa ,viva intensamente todos os dias da tua vida e realize os teus sonhos, pois eles são todos teus, só teus e de mais ninguém.
Parabéns, um grande beijo da Vó Lélia que te ama muito e quer tão somente que sejas uma mulher feliz e realizada na plenitude absoluta do ser MULHER.
P.S. Não te esqueça que a “casa da vó”, será sempre o teu lugar de chegar, de ficar, de partir, de regressar.
Da Vó Lélia
10 de Julho de 2012