No Terceiro Aniversário
do COMUNIDADES
Os ventos do anticiclone dos Açores sopraram forte nas nossas vidas e espalharam-nas geograficamente, repartindo-as em pedaços pelo Mundo, como é sina da lusa grei e o recorda Camões numa das suas Canções.
Mas eis veio o Comunidades e fez do longe perto: tornou-nos ubíquos.
Assim estamos aqui juntos. O Comunidades é toda-a-parte, por antífrase a Utopia, que Morus configurou justamente numa Ilha.
Aqui é, pois, A Ilha. A de cada um de nós e nossa por comunhão de bens. E também por igualdade nossa em direitos. E por tolerância quanto às diferenças de ideias de cada outro. Como sonhara o ingénuo e santo Sir Thomas More.
Assim as coordenadoras Irene M. Ferreira Blayer e Lélia P. Silva Nunes têm governado esta Utopia desde o seu achamento, completam-se agora três anos, dia 25 deste mês de Fevereiro de 2011. Uma efeméride a não deixar passar em claro.
Daqui, deste recanto na minha ilha de Lisboa, às queridas amigas e dedicadas obreiras deste blog Irene e Lélia mando muito saudar e as felicito e louvo por a sua fidelidade ao Sonho e a persistência em o manter alto, nas nuvens, onde moram, intranquilos e inquietantes, os lunáticos deste Mundo.
Eduíno de Jesus
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1
se pouso as mãos sobre o teu peito
sinto que o teu sangue canta em forma de rio.
levo as pontas dos dedos a passear nas margens
e há pássaros brancos amando-se em voz baixa.
ninguém sabe que o teu corpo é um país
que descubro pêlo a pêlo – árvores que me dão sombra
palavras que me alagam e me alegram casas
que habito ao som de ventos genesíacos.
quero o teu corpo com esse sinal nas costas – ilha
perdida que beijo como se comesse um rebuçado de menta.
deixa-me desenhar este segredo de não poder
dizer o teu nome.
2
quando se fala com a loucura
ela fica de outra cor:
amarela doce framboesa
às vezes romântica pêssego e morango
outras amarga solitária roxa.
quando se ouve a loucura
há um concerto de sabores:
coração punhal solo de feitiços
casa deserta com um poeta ao fundo
nu como sonho penado.
quando se olha para a loucura
ela muda de forma:
acama-se verso a verso no peito
o silêncio aceso e medo jogado fora
o grito fechado na arca do tempo.
a loucura minha amiga é o peso
pluma da alma da gente.
Nota: esta é a minha forma de homenagear a Irene Blayer e a Lélia Nunes pela constância do seu blog «Comunidades». Ambas têm passado muita formação e informação, sempre preocupadas com a veracidade e qualidade do que têm inserido no blog.
Os dois poemas acima transcritos têm o complexo de serem inéditos, mas só com poesia me sinto capaz de agradecer à Irene e à Lélia o trabalho que, durante três anos, têm feito em prol da cultura portuguesa, com destaque para a especificamente açoriana.
Obrigado! Por favor, continuem.
Beijos
Álamo Oliveira
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Congratulations to Irene and Lelia on keeping up this wonderful blog, without which so many of us would be lost (and so many of us would never have found each other!).
The three-year anniversary deserves its congratulations, to be sure, but I want to go further and offer my warmest thank-you to you both. As Jose Avila put it so well, you are the ‘alma e coração’ of this enterprise. You deserve gratitude for your hard work but also for your spirit of openness and inclusiveness, knitting together not only the Islands but each of us out here-far flung individuals who often work and read in isolation. Through your posts-the announcements, launches, reviews, articles, greetings and opinions-you give us a meeting place and a sense of community, something larger than all of us, and there are no words to convey the importance of that sense of belonging. I hope the blog goes on forever. I hope your energy and loving commitment never falters. I hope to remain connected to all these marvelous others through the marvelous two of you! Muito, muito obrigado.
Frank Gaspar
http://www.frankgaspar.com/
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Thank you… Comunidades is a wonderful and valuable resource… I am very appreciative that the two of you take time out of your busy schedules to engage such a diverse number of contributors to the maintenance of a site that connects us all in the Diaspora and the home country. Congratulations…
Dulce Maria Scott