PAPAI NOEL
Segundo o escritor Sérgio da Costa Ramos, em sua coluna do DC de 15 de dezembro de 2011, esse Papai Noel vermelho e barbudo só foi ganhando simpatia no Brasil a partir dos anos 30, depois da revolução de Getúlio Vargas. Aos poucos o seu “espaço comercial foi ganhando as vitrinas das lojas e a retina das crianças… A figura opulenta do Papai Noel é marketing pós Estado Novo e Segunda Guerra, quando os americanos baldearam para cá alguns de seus usos e costumes, entre os quais o brilho comercial de Santa Klaus, assim como agora estão exportando o Halloween.” Lembre-se que o Papai Noel vestia-se de azul, mas a Coca-cola americana o vestiu de vermelho, como hoje o conhecemos.
“A origem daquele que hoje é o próprio emblema de Natal na estampa do balofo homem de vendas, está cravada na antiga Rússia de São Nicolau, seu padroeiro, que a cada Natal montava num corcel branco, para o qual as crianças deixavam o melhor feno no estábulo… na Lapônia Finlandesa, os cavalos brancos de Noel foram substituídos por renas – e, assim composta, a figura foi adotada por toda a Europa, menos pela França, é claro. Lá o Papai Noel é o Bonhomme, que desce do céu para presentear a criançada, junto com seu parceiro mau, Père Fouettard…”
Aqui no interior da ilha lembro que íamos aos pastos, nesta época do Natal, cortar toiças de capim para serem colocadas nos pratos que ficavam junto ao presépio e a árvore de Natal. Se dizia, naquela época, que o Papai Noel precisava alimentar seu burrinho antes de deixar o presente no prato. Aqui ele não vinha nem puxado por rena e tampouco por corcel branco. Vinha mesmo de burro. Mas o certo seria vir de baleeira ou numa canoa de garapuvu bordada, a navegar pelas praias e lagoas com seu remo de pá ou com sua vela içada, direcionando a embarcação cheia de regalos para a criançada. Certamente seria mais original, condizente com nossa realidade. Ah, também pegávamos no mato barba de velho para enfeitar nossa árvore de Natal, não tínhamos lâmpadas e nem enfeites chineses. E também toda árvore tinha que ter o presépio, com o menino Jesus deitado na manjedoura, os reis magos, José e Maria e também boizinhos e carneirinhos.
Segundo Sérgio da Costa Ramos, a primeira notícia da celebração natalina em Floripa, deu-se em O Mercantil, de 1º de janeiro de 1868, revelando “como grande novidade”, o hábito de se armar presépios durante a semana de Natal… num desses presépios particulares, acessíveis a visitas de curiosos, lê-se o aviso: “Pede-se aos visitantes que não beijem o boizinho, como diversas vezes tem sido feito. Pode dar micróbio.”
Naquela época, segundo Sérgio, “festa mesmo começava só depois do Dia de Reis, quando os ternos saíam a cantar pelas ruas e casas, desde o Natal até a epifânia”.
Ainda hoje, em muitos lugares do nosso litoral, e mesmo aqui na ilha, os ternos ainda saem às ruas, demonstrando a força dessa manifestação religiosa e cultural de origem açoriana. Que bom que ainda resiste junto com os presépios. Já o Papai Noel cada vez mais toma espaço, seja nas vitrinas ou nas mentes nas novas gerações, que cada vez mais associa a data natalina ao velho barrigudo e consumista, esquecendo de celebrar a chegada do menino pobre de Nazaré.
E o engraçado disso tudo é que todo esse consumismo hoje vem da China, país que não cultua e seu povo nem sabe o que é Papai Noel.
Feliz Natal e um Ano Novo cheio de alegria e paz para todos! Oh oh oh!!!
Arantinho,
Pântano do Sul, Ilha de Santa Catarina
(*) Foto: Divulgação Diário Catarinense/Ag.RBS.SC
24 de Dezembro de 2012