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Este conteúdo fez parte do "Blogue Comunidades", que se encontra descontinuado. A publicação é da responsabilidade dos seus autores.
Imagem de “Para Joana” Emanuel Félix (c/áudio)
Comunidades 18 jan, 2010, 16:11

“Para Joana” Emanuel Félix (c/áudio)



Para Joana

Filha,
na areia movediça das palavras, eu tenho procurado, juro,
as que nasçam só nossas,
certas, insubstituíveis, insubmissas.
Com ternura lhes toco e as levo ao coração,
frias ou gastas quase sempre, de outros usos.
Como se fossem algas,
escorrem por entre os dedos que as seguram.
Outras, agarro-as bem, tinjo-as de sangue. São
as que me comovem.
Com elas choro e sigo a sua frustração de c1aunes que tornaram
[ainda mais triste cada infância.

Mas, persigo-as, sim, quero-as ainda, as palavras
trabalho-as
com a aplicação do alquimista.
E do athanor saem só pequenos peixes de ouro
que nada têm a ver com o mar que separa o velho galeão,

que de gusanos
me construo
e o teu corpo de mulher que é preciso aceitar urgentemente.
Ou aceitar de outro modo:
como súbito se abrisse a porta da casa e lá fora estivesse caindo uma
[chuva quente que a todos nos molhasse
[de uma estranha doçura.

Ah, minha filha, com que rigor procuro
o sinal de sermos o que somos
neste rio sem margens
ou talvez nesta praia em cuja espuma quente
é possível molhar ritualmente os pés e as mãos e partir a [correr
nus
em direcções opostas
sem nada sugerir
a morte nem a vida
apesar de ambas estarem sempre para chegar.

Ah, o que tenho procurado, juro.
E que inútil junto às frondosas árvores dos símbolos
mais doces mais íntimos mais ternos cruéis acusadores.
Também a esses os levo à altura do peito e os encontro [escassos de forma.
Na bigorna não aguentam a violência apaixonada do ferreiro.

E, de novo, procuro entre nomes de flores cidades ou [estrelas
e nem sequer nos empedrados rostos das catedrais que eu [vi
encontrei nada que pudesse trazer para aqui
outras coisas que pudesse ir amontoando com o tempo
para ir compondo o poema, minha filha, que há dezasseis [anos ando para te escrever
mas que não fui capaz
porque escusado é dizer que é dentro de mim que habita [uma enorme rosa de fogo
que não se vê do lado das palavras ou das pedras.

Emanuel Félix, A Viagem Possível


Poema recitado por Olegário Paz

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