Partiu Lauro Junkes.
O mundo literário de Santa Catarina está de luto.
No dia 20 de outubro faleceu Lauro Junkes, presidente da Academia Catarinense de Letras (ACL), ensaísta,pesquisador emérito,crítico literário dos mais respeitados. Lauro deixa um importante legado cultural de valor incomensurável.
Nasceu no município de Antônio Carlos em 9 de março de 1942. Professor doutor, titular da cadeira de Teoria da Literatura da Universidade Federal de Santa Catarina. Um grande estudioso e apaixonado pela Literatura catarinense. Fez uma aprofundada leitura do papel do livro e da literatura na sociedade. Dedicou mais de trinta anos à pesquisa da produção literária com cerca de vinte obras publicadas sobre a temática. Como Presidente da Academia Catarinense de Letras foi um grande difusor da produção literária no Sul do Brasil. Uma voz admirada e respeitada para além das arcadas da academia. Um nome querido de toda comunidade catarinense.
Integrou várias entidades culturais e recebeu o Diploma do Mérito Cultural pela União Brasileira de Escritores (UBE) do Rio de Janeiro, em 1983, e pela UBE catarinense em 1998, além de várias outras distinções. Foi agraciado com as Medalhas de Mérito: Cônego Raulino Reitz (Prefeitura de Antônio Carlos, 2007), Cruz e Sousa (Governo do Estado de Santa Catarina, 2007) e Professor João David Ferreira Lima (Câmara Municipal de Florianópolis, 2008). Pertencia à Academia Catarinense de Letras desde 1982, ocupando a cadeira de número 32, que tem como patrono o político, jornalista e poeta Manoel dos Santos Lostada. No ano de 2003 foi eleito presidente da egrégia instituição. Sua gestão na Academia foi marcada por importantes iniciativas. Destaca-se entre elas o resgate de obras inéditas dos imortais da Casa — incluindo fundadores, patronos e seus membros.
Produção Literária: Presença da Poesia em Santa Catarina(1979), Anibal Nunes Pires e o Grupo Sul (1982), O mito e o rito (1987),A literatura de Santa Catarina (1992),”Açores-Travessias” (2003). Um projeto que teve a parceria da Fundação Aníbal Nunes Pires. Quando fui Superintendente da Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes realizamos o projeto literário “Nossas Ilhas”(2003) sob a sua competente organização. O projeto (re)editou obras de autores catarinenses que escrevem sobre esse mundo ilhéu na sua real dimensão ou na do imaginário insular,revelam os laços familiares,as afinidades culturais com os Açores. Os temas decorrentes da epopéia açoriana marcaram e marcam uma produção literária que se alimenta da história, do espaço geográfico e dos tipos humanos. São escritores herdeiros do grande legado da diáspora cultural açoriana: Virgílio Várzea (1865-1941), Othon d’Eça (1892-1956) Franklin Cascaes(1908-1983) Almiro Caldeira de Andrada (1921-2007)e Flávio José Cardozo ( n.1938).
Organizou inúmeras antologias e obras completas. Das antologias cito “Caminhos do Mar, Antologia Poética:Açorianos e Catarinenses” (2005) junto com Urbano Bittencourt e Osmar Pisani. Da sua vultuosa biobliografia destaco a sua determinação e dedicação sem limites na competente e exaustiva pesquisa e na organização das Obras Completas, Coleção Academia Catarinense de Letras que já conta com trinta e seis autores publicados.
Sem dúvida, por sua grande contribuição à Cultura de Santa Catarina, por sua sabedoria, por sua força que foram além dos limites físicos, por uma vida dedicada ao magistério e à literatura Lauro Junkes é um nome que dignifica o estado barriga-verde e orgulha os catarinenses.
Lélia Pereira da Silva Nunes
Outubro de 2010
Legenda Imagem Da esquerda para direita: os escritores Luís Fernando Veríssimo, Daniel de Sá, Eduíno de Jesus, Semy Braga e Lauro Junkes. Onésimo Almeida ao fundo.
Registro da sua última viagem aos Açores (Ilha de São Miguel), na ocasião do Encontro ” Escritas Dispersas. Convergência de Afectos” em outubro de 2010, promovido pela DRC/Governo dos Açores.
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