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Este conteúdo fez parte do "Blogue Comunidades", que se encontra descontinuado. A publicação é da responsabilidade dos seus autores.
Imagem de Poemas de antemanhã  – 1 – Pedro da Silveira (c/audio)
Comunidades 05 out, 2010, 05:10

Poemas de antemanhã – 1 – Pedro da Silveira (c/audio)



Seleccionado e recitado por Olegário Paz

 

 

POEMAS DA ANTEMANHÃ – 1

Aqui,
longe,
num café de Lisboa,
quase a beira do Tejo turvo das fragatas,
a olhar um paquete que vai na direcção da barra,
subitamente é como se eu também partisse.

E só de pensar-me partindo
embarco e, deslumbrado,
imagino-me chegado às ilhas.

Todo um mundo familiar ressurge nos meus olhos!
E vejo-te, Mãe Terra; és tu,
de nuvens e de aves marítimas coroada,
no meio desse Atlântico – bravio
abraço de águas salgadas que nos atira para o mundo,
nos separa do mundo -. Sinto
o cheiro saboroso do teu chão de lavas verdes;
ouço mesmo o rumor surdo das ribeiras caindo das rochas abaixo
(ou será talvez o mar batendo nos baixios da costa?)…

Estou, Mãe Terra, nas tuas cidades,
nas tuas vilas mortas,
e, mais sobre oeste,
tanto que ali a Europa acaba,
na freguesia onde eu nasci.

Vejo nitidamente os campos de milho
e, no cimo, as relvas e o azul das hortênsias.
Sigo pelo caminho habitual da beira-mar
e uma figueira estende-me a sombra dos seus ramos.Com um molho de lenha à cabeça uma rapariga passa
e olha-me com a naturalidade de quem sabe que voltei.
Um menino leva as vacas para a relva
e, como sempre, os velhos estão sentados à praça.

Por caminhos de terra e mar
parto e, logo, chego. Estou
nas cidades e nas vilas, em todos
os lugares de cada uma das nove ilhas.

Os meus antigos companheiros,
tantos deles por aí dispersos,
outros, como eu, perdidos longe
– na Europa, em África, nas Américas -,
estão agora todos presentes. Penso
que alguma cousa diferente vai passar-se,
algum acontecimento extraordinário.

Vejo-te, Mãe Terra!
Vejo-te, mas eu sei,
é só de imaginar-te que te vejo.
É só de saudade a tua presença em mim.

Estou longe…
Longe, Mãe Terra!
E a tua madrugada
impede-a um muro hostil de braços estendidos cor de azebre.

           Pedro da Silveira,
           fui ao mar buscar laranjas 1,
           DRC, Angra do Heroísmo, 1999

Pedro Laureano de Mendonça da Silveira (1922-2003), poeta, ensaísta, nascido na ilha das Flores, viveu e trabalhou em Lisboa.

 

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