Sentidos
A eternidade
do poema
amanhece
na pele ávida
desse Maio adiado.
Corpo esquecido enlaçado
no incenso adormecido
de rosas e saudade.
Flor de Lótus
Grito de pureza,
eco de perfeição
nas raizes do lodo
tecida,
pétala por pétala
a pairar
na luz do sonho.
Palavras de lua cheia
Acordar a poesia
do dorso das pedras
que dormem
inquietas
a beira do Templo
enquanto os deuses
sussurram palavras
de lua cheia.
A matéria dos sonhos
Um verso esculpido
no ventre da manhã,
pétalas duma rosa
infinita
adormecida
no canteiro da esperança.
Dora Nunes Gago, doutorada em Línguas e Literaturas Românicas Comparadas, é professora de Literatura na Universidade de Macau (China).