PONTO
Fechando os olhos toda,
numa glória
de luz
-nevaram na verdura
as ondas do vestido –
toda soçobrou na sombra dos loireiros.
Depois,
do nunca mais,
enlevado e aéreo,
hei-de chamá-la:
como a gota de água
abranda e aparta,
com modos suaves
a trama do linho onde entorpece,
assim
-do tempo já sorvida –
será,
no tempo-escuro,
a que sorriu
e foi, cerrando, os olhos,
um dia descoberto.
Maduro Dias,
Atlântida,
Angra do Heroísmo, Gráfica Angrense, Nov. – Dez., 1960.
Francisco Coelho Maduro Dias (1904-1986), funcionário público, pintor, escultor, poeta, viveu em Angra do Heroísmo, onde nasceu e morreu.
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