O outono desfolha-se, nesta Praia de Nemésio, numa Vitória festiva das letras, das notas e das cores, das pautas, das paletas e das palavras, de cheiros e sabores, e saberes, com que músicos, poetas e pintores, e atores e autores encheram telas, partituras, e folhas aos milhões, em livros que da terra lusa, a Angola, passando pelo Brasil ou Cabo Verde, pelas comunidades das americanas diásporas nos unem nesta pátria a que Pessoa chamou língua portuguesa.
Por aqui poderemos ver a plástica linguagem lusófona dos artistas locais, ou o mundo que o nosso Genuíno, Fernão de Magalhães, abraçou duas vezes, e podemos ver como se constroem culturas e ler escritas de gentes da Lusofonia. E podemos ouvir mornas e outros ritmos e registos e palavras de poetas, e aprender a gostar de livros e homenagear João Villaret, arauto da pátria língua (que vem do latim).
E na esquina das Ilhas de fogo oculto, recordaremos Silvestre Ribeiro, liberal e humanista pois, antigamente era assim a história e a fotografia dos Açores, com autoritarismo e resistência, mas onde ser pobre não era uma fatalidade pois, contrariamente ao que se diz, Sidónio, ainda vem alguém que, como Nemésio, com a chave da voz abre a vida, com sábias palavras como, certamente, aqui serão trazidas por António Rodrigues, Eduardo Bettencourt Pinto, Luandino Vieira, Pedro Catarino ou Rui Cardoso Martins.
Para que a Cultura seja esta Festa, muito contribuiu o Governo dos Açores, através da Secretaria Regional da Economia, Direção Regional do Turismo, Direção Regional das Comunidades, Direção Regional da Cultura, a Embaixada de Angola e empresas e particulares que connosco colaboraram.
Enalteço, também, a realização aqui integrada do Congresso da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, que, certamente, nos abrirá, de futuro, novas janelas de oportunidades para a realização, promoção e engrandecimento do “Praia Outono Vivo”.
E não se esqueçam, a Cultura vive por aqui, neste berço de Vitorino.