O Prêmio Jacinto do Prado Coelho, da Associação Portuguesa dos Críticos Literários,no valor de cinco mil euros, foi atribuído, por unanimidade do júri, constituído por Clara Rocha,Maria João Reynaud e Teresa Martins Marques à obra de EDUARDO LOURENÇO – «TEMPO DA MÚSICA MÚSICA DO TEMPO» Lisboa, Gradiva, 2012. Escolha plenamente justifida pela «qualidade indiscutível da obra, reconhecida por pessoas da área da literatura bem como da musicologia».
Trata-se de um conjunto de textos inéditos, colhidos em fontes dispersas e pessoais do autor e seleccionados pela historiadora de arte e musicóloga Barbara Aniello.
A cerimónia de entrega do Prémio com apresentação de Clara Rocha decorreu na Sociedade Portuguesa de Autores no último dia 21 de Novembro.
Ao receber o Prêmio Jacinto do Prado Coelho, em Lisboa,disse Eduardo Lourenço que «Este é um prémio fora do tempo. Já passei a linha vermelha da vida, estou noutra que não tem cor e cada vez terá menos».
«Tempo da música. Música do tempo» reúne 212 reflexões (datadas entre 1948 e 2006) de Eduardo Lourenço sobre música, que estavam dispersas em folhas avulsas, em agendas de bolso, páginas soltas ou agrafadas, algumas encontradas dentro de livros.
Esta foi a segunda vez que o ensaísta recebeu o prêmio, 27 anos após a atribuição, em 1986, pela obra «Fernando, Rei da nossa Baviera», ensaio pioneiro sobre Fernando Pessoa.
Na cerimónia realizada no auditório Frederico de Freitas, na sede da Sociedade Portuguesa de Autores, em Lisboa, Eduardo Lourenço afirmou-se satisfeito, emocionado e comovido, e questionou-se, se o livro era seu ou da investigadora italiana Barbara Aniello, que foi juntando, inventariando e catalogando, no espólio do ensaísta, tudo que se relacionava com música.
João Nuno Alçada, que está a catalogar e a organizar todo o espólio do ensaísta, explicou à Lusa que um dos volumes se intitula «Sobre Pintura», e será editado pela Gradiva, enquanto outro, «Espelho Imaginário», a incluir na obra completa em publicação pela Fundação Calouste Gulbenkian, vai integrar a obra galardoada, «Tempo da música. Música do tempo», e outro material encontrado no espólio sobre esta matéria. Barbara Aniello está atualmente a trabalhar noutros dois novos volumes.
Na assistência, entre outros, estavam o atual e o ex-presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, respectivamente Augusto Santos Silva e Emílio Rui Vilar, assim como os administradores desta instituição Eduardo Marçal Grilo e Isabel Mota, e os escritores Nuno Júdice e Teolinda Gersão.
O Blog Comunidades da RTP Açores cumprimenta o ilustre escritor por mais este reconhecimento merecido por sua expressiva produção literária.
Nota: Agradecemos à escritora Teresa Martins Marques pelas informaçõe prestadas e à editora Gradiva que permitiu a publicação do texto em epígrafe.