ENGOLIR
Ouço risos do interior do meu livro.
O licor levanta-se e abre a festa.
O vinho chama pela noite.
A água tranquila observa os amigos.
Os sumos dançam efusivamente folclores.
Todos são altamente qualificados.
Todos fazem para perdurar no espaço.
O espelho olha insistentemente para mim.
O tempo fracturado corre para o dia seguinte.
Todos são engolidos.
As ondas vazias dos néctares batem no fundo das rochas.
A aguardente fuma compulsivamente.
Ri-se dos amigos.
O abismo rasga os jornais.
Descasca os amendoins.
Os duros olham para os horizontes sombrios.
As laranjadas coscuvilham.
Outro vinho entra para arrasar.
Todos são engolidos.
As alucinações junto com as asneiras gritam de medo.
Queremos um homem não queremos uma estátua.
A música esconde as desilusões.
Tento envergonhar os que falam mal de mim.
A intimidade renasce.
O café e o chá conversam amenamente.
A nossa jeropiga este ano não pode vir.
Como é bela!
A ginjinha aproveita para contar umas anedotas picantes.
O anis adormece aos ziguezagues.
O leite falhou mais uma vez a este evento plebeu.
A raiva dilui-se.
A alegria satura a atmosfera.
Todos chamam pelo espumante.
As coisas sem nome são todas engolidas.
Bom Ano Novo.
Servir: seres ideias e criações, Letras Lavadas, Ponta Delgada, 2013.