Rodrigo de Haro: artista de dois séculos
Nascido em Paris, onde seu pai, o consagrado Martinho de Haro se encontrava estudando no início da 2a. Guerra Mundial, veio para Santa Catarina, fixando-se com a família em São Joaquim. Jovem mudou-se para Florianópolis onde conviveu com as brilhantes e irriquietas cabeças do mundo artístico e cultural.
Seguiu o exemplo do pai e logo conquistou prêmios estaduais e nacionais por suas pinturas e poemas. Fez sucesso em São Paulo e no Rio de Janeiro. De regressou a Florianópolis fixou residência no casario do Morro do Assopro, ao lado da Igreja Nossa Senhora da Conceição, na Lagoa, onde mantém seu atelier. Viveu sempre entre clássicos da literatura mundial, que lê na língua original, entre centenas de filmes clássicos e entre pinturas, esculturas e mosaicos.
É um dos mais completos intelectuais do Estado e considerado o mais erudito dos catarinenses.
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Que significado chegar aos 80 anos com tanto sucesso?
Sinto um certo constrangimento. Não há privilégio em completar uma data tão avançada. Digamos que significa repetir 20 anos quatro vezes. Permite continuar meu trabalho, tendo a felicidade de uma companhia maravilhosa, numa casa em que todos trabalham e criam com arte e criatividade doméstica artesanal, com meu amigo Idésio e espaço para o trabalho. Tenho que agradecer o carinho com que sempre fui tratado e o amor recíproco que existe entre o Rodrigo de Haro e a Ilha de nossa Santa Catarina de Alexandria. Os 80 anos não representam arrefecimento, mas expansão da criatividade.
E a opção pela Lagoa da Conceição?
Creio que fui guiado pelo destino. A casa já pertencia a meu pai. Sou apaixonado pela Lagoa e pela Ilha. A Lagoa tem este tom idílico que ainda permanece, apesar do crescimento desordenado. Há esta Lagoa da meditação, de conversa os ares noturnos. É uma felicidade viver aqui.
Quais são os projetos apos os 80?
É continuar criando e produzindo, enquanto Deus me der força. Tenho, por exemplo, muitos livros para publicar. Estão próximos o “Balão Colorido”, a “Lanterna Mágica”, “Arias para bandeira e sombra”.
Na área artística?
Elas se interprenetram. Meus livros são sempre ilustrados. Eu comecei muito cedo. Meu primeiro livro “30 Poemas”, com desenho da capa criado por me pai, foi editado quando eu tinha apenas 20 anos. A prioridade agora é na área dos mosaicos, que tem sido mais representativo. O mosaio é dupla, equipe. Tenho tido a colaboração, há mais de 20 anos, com o idesio Leal. Agora, na idade canônica, tenho condicões de continuar trabalhando com a colaboração do Idésio Leal, jovem e criativo artista do maior valor. A última realização foi as “Cartas de Tarot”, na Pedra Branca, com apoio da família Gomes. Espero, ainda, fazer muito. Temos projetos na Universidade Federal o mural da Reitoria e na Lagoa da Conceição.
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