ROMARIA DE AMOR
Numa viveza infinita,
– olhos a rir de alegria –
vai a linda Joanita
caminho da romaria.
Com seu vestido de chita
Novinho daquele dia,
é a moça mais bonita
que temos na freguesia.
A lado, toca viola,
c’um sorriso gabarola,
o noivo todo vaidoso.
E do alto os passarinhos
vão ouvindo os segredinhos
daquele par gracioso.
NO ARRAIAL
Lá no monte ao pé da ermida
O baile vai animado…
– Haja alegria que a vida
É um sorriso apressado.
Sobe a Lua recolhida
No céu azul-estrelado,
Pobrezinha sem guarida
A cumprir o triste-fado,
Cai sobre a aldeia o luar;
na brisa passa a frescura
da tua voz a cantar…
E num sonho de outra-idade
embalo a minha amargura
ao som da triste Saudade.
Correia de Melo,
Luar da Serra, Edit. Andrade, Angra do Heroísmo, 1928
Eleutério Correia de Melo (1909-1993), professor, poeta, natural da freguesia de Norte Grande, ilha de S. Jorge, residiu e trabalhou nas cidades de Angra do Heroísmo e do Porto, onde faleceu.