O Escritor Vladimir Queiroz lançou,recentemente em Florianópolis, o seu décimo livro, nono de poesias: MUXARABIS sendo muito aplaudida a sua saída pelo público leitor e críticos literários.
Já no Prólogo do livro, Vladimir Queiroz conecta o leitor ao Muxarabis:
“O Muxarabi encobre protege delineia os contornos para que quem estiver fora tenha que penetrar no âmago para fazer as descobertas, como uma penumbra a ser desbravada pelo transeunte.
A olho nu a mensagem foge, vai no galope da réstia, deixa a forma à mercê do acaso, que solitária busca a visão do todo e perde-se na imensidão dos olhares.
O Muxarabi tem este dom poético de deixar entrar a luz para sentir e ver o que os olhos lhe negam em brumas de escuridão.
A treva perpétua num segundo se desconstrói para iluminar de vozes a intimidade oculta.”
“É no escondido das coisas, nos contornos indefinidos, nas transparências, nas imagens nebulosas ou não vistas que busco minha inspiração. Repleta de um olhar fulminante dessas pequenas sutilezas despercebidas. São imagens cotidianas com um forte apelo da minha origem sertaneja: de barro e concreto, de sentimento e razão.” afirma o autor. Segundo Vladimir, a literatura é um meio de resgate desse olhar que vê além dos planos físicos e embrenha-se pelo terreno da metafísica.
O Autor é engenheiro químico de profissão. Entretanto apresenta uma intensa produção literária, a saber: Seres & Dizeres (1996), Terracota (2001), Infantilis (2003), ABCDito e outros ditos mais (2003), Apokálupsis do Sertão (2006), Luminescência (2008), Instinto (2010), Alcatruz (2011), Nuances (2012). Em 2015, o livro Nuances foi publicado em Portugal pela Chiado Editora e traduzido na Romênia pela Editora Timpul.
Vladimir reconhece que o trabalho como engenheiro requer grande concentração e decisões baseadas em assertivas bem delineadas, bem construídas, a partir de fatos e dados. Na literatura a liberdade de escolha é maior, mas os fatos e dados também nos conduzem na construção do texto; são as experiências passadas revisitadas moldando a visão de mundo, mas sempre buscando na troca constante com o leitor a universalização das ideias.
(Nota: release de divulgação do livro Muxarabi.)
-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.–.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-
Dois Poemas de Vladimir Queiroz
MUXARABIS
Vejo a beleza que se espalha
por detrás da treliça
escondida,
a resguardar a formosura.
Só a réstia e o caminho lunar
podem beijar-lhe a face
e adernar sobre a pelve roliça.
Só a treva a rondar-lhe a boca
e despregar o véu da doçura.
Só os dois a comungar o amor
e entrelaçar os segredos.
Desvendar os devaneios,
os arquejos
e anseios guardados em jura.
-.-.-.-.-.-.-.-
BIGAS
Talvez sigas o caminho mais insano
segurando nas rédeas do tempo.
Equilibrando-se na força de um romano
nas curvas trôpegas do giro
das rodas das bigas.
E o vento sopra…
e coça as ortigas esfregadas na pele
ao relento,
maceradas em cadinho profano.
Pedras alçadas em testemunho
das vozes e pegadas,
das folhas retiradas
pelo ancinho,
e dilaceradas na fogueira
até restar só o chumaço embebido
nos sonhos de antanho,
como uma relíquia
mítica:
saudosa
e ousada.
____________________________________________