Salvador da Bahia foi a primeira capital colonial do Brasil português, de 1549 a 1763.
Sendo uma das mais antigas cidades da América, foi fundada por ordem do rei D. João III de Portugal, como “São Salvador da Bahia de Todos os Santos”, em homenagem ao salvador do cristianismo.
Hoje regista uma população de quase três milhões de habitantes em 700 quilómetros quadrados.
É o município mais populoso do nordeste brasileiro e o terceiro do país.
A cidade está situada na península que separa a Baía de Todos os Santos, a mais extensa do Brasil, das águas abertas do Oceano Atlântico.
Na “Cidade Baixa” encontram-se atividades portuárias e na “Cidade Alta” estão os bairros residenciais.
Na sua zona inicial e interior, apresenta uma estrutura idêntica à encontrada no Bairro Alto de Lisboa ou na cidade terceirense de Angra do Heroísmo, ambos contemporâneos da fundação de Salvador.
O centro histórico, conhecido pela sua arquitetura colonial portuguesa com monumentos históricos que datam do século XVII até ao início do século XX, foi declarado pela UNESCO como Património Mundial em 1985.
Desde esse ano, é cidade-irmã de Angra do Heroísmo.
Apesar de ser a segunda capital mais rica do nordeste brasileiro, Salvador possui 99 favelas, a nona maior concentração entre os municípios do Brasil.
Conhecida como “Roma Negra”, a cidade conta com o maior número de descendentes de africanos no mundo.
Salvador é o segundo destino turístico mais popular do Brasil, depois do Rio de Janeiro.
Entre os atrativos turísticos estão o seu famoso Carnaval, considerado a maior festa popular do mundo (com dois milhões de foliões em seis dias festivos). E também as suas emblemáticas praias, com 80 quilómetros de areia em toda a orla marítima, ou ainda as suas 365 igrejas católicas, com destaque para a venerada Igreja de Nosso Senhor do Bonfim construída ainda pelos portugueses.
É neste Salvador alegre e acolhedor, capital do Estado da Bahia, que se estabeleceu em 1980 a terceira das cinco Casas dos Açores no Brasil.
Depois do Rio de Janeiro, em simultâneo com São Paulo e antes de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, a Casa dos Açores da Bahia congrega formalmente uma parte representativa e influente dos açorianos de nascimento radicados na cidade da Salvador.
O seu co-fundador e atual presidente é o empresário graciosense Orlando Souza da Silva.
Nasceu na Praia da Graciosa há 77 anos e emigrou para as praias de Salvador com 17 anos de idade.
Começou como ajudante do “Armazém Açoriano”, afirmou-se como comerciante por conta própria, investiu em imobiliária e hoje é dirigente de todas as principais instituições lusitanas da capital baiana: conselheiro do Hospital Português, diretor da Quinta Portuguesa, fiscal do Gabinete Português de Leitura, presidente da Casa dos Açores.
Pela sua estimativa, residem atualmente na cidade de Salvador cerca de 50 açorianos de nascimento, que aqui tiveram uns 200 filhos e quase 1.000 netos.
Residem maioritariamente no bairro de Itapuã, onde se encontra sedeada a própria Casa dos Açores, e são especialmente provenientes da ilha Graciosa, mas também da Terceira ou ainda S. Jorge, Pico e Faial.
Meia centena destes açorianos de primeira e segunda geração constitui o quadro social da Casa dos Açores, que apenas admite naturais ou descendentes como sócios, mediante uma mensalidade de 50 reais (cerca de 17 euros).
É simplesmente com esta receita própria que a direção suporta as despesas de funcionamento da sua sede de 1.700 metros quadrados – uma vivenda envolta em vegetação, com um vigilante permanente.
Mais do que para reunir os naturais dos Açores, esta instituição foi fundada há 35 anos para que os descendentes de açorianos se pudessem conhecer e conviver em torno das suas referências identitárias.
Por isso promove convívios regulares, a pretexto de uma alcatra, um bacalhau ou um polvo, e por isso organiza anualmente uma festa em louvor do Divino Espírito Santo, com as tradicionais sopas partilhadas por cerca de 250 pessoas.
A Casa dos Açores da Bahia é a bandeira azul e branca hasteada mais a norte no país verde e amarelo.
NOTA: Crónica do Deputado José Andrade para o programa “Entre Cantos e Marés”
RDP – Antena 1 / Açores,apresentado a 3 de janeiro de 2016