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Este conteúdo fez parte do "Blogue Comunidades", que se encontra descontinuado. A publicação é da responsabilidade dos seus autores.
Imagem de Seis de Janeiro é dia de Santos Reis e também de celebrar os 264 anos da chegada dos Açorianos em Santa Catarina ***

Lélia Pereira Nunes
Comunidades 14 jan, 2012, 13:41

Seis de Janeiro é dia de Santos Reis e também de celebrar os 264 anos da chegada dos Açorianos em Santa Catarina *** Lélia Pereira Nunes

Ô de casa
Ô de fora
Minha mãe
Vai ver quem é…
É 'os cantador' de Reis
Quem mandou foi São José.”

(Canto de Abrição de Porta,
Reisado de S.Cristovão)


Seis de Janeiro é dia de Santos Reis e também de celebrar os
264 anos da chegada dos Açorianos em Santa Catarina

Comecei 2012 festejando o Dia de Santos Reis na cidade sergipana de Laranjeiras, situada a 20 km.da capital Aracaju, no nordeste do Brasil. Famosa por sua história, casario imponente, numerosas e bonitas Igrejas e os terreiros de culto afro revelando a religiosidade de um povo e a sua identidade cultural. Um sincretismo religioso vibrante mantido, revivificado nas manifestações de sua rica cultura popular. Uma cidade monumento, patrimônio histórico nacional, cheia de vida e muita alegria por suas ruas e calçadas do tempo colonial. Uma cidade que não se perdeu pelos caminhos do passado, que investe no futuro, no desenvolvimento pleno, que cuida do seu Patrimônio Cultural como um bem maior tanto quanto reverencia a riqueza do Imaterial representado pela lindíssima renda Irlandesa, seus mestres do saber popular, grupos folclóricos e cortejos, suas festas religiosas e profanas, músicas e ritmos.
Pois, foi ali no “Quarteirão dos Trapiches” lindamente restaurado, onde o passado e o futuro se encontram, no grandioso prédio barroco sede do Campus da Universidade Federal de Sergipe em Laranjeiras, no recinto do Auditório da UFES onde se realizava o Simpósio do XXXVII Encontro Cultural de Laranjeiras, que descobri a beleza do patrimônio espiritual dessa terra-útero dos escritores João Ribeiro e Bittencourt Sampaio, do pintor Horacio Hora, da educadora Zizinha Guimarães, dos Mestres Deca (Cacumbi) e Zé Rolinha (Chegança) e da saudosa Dona Lalinha (Reisado).
No dia 6 de Janeiro, lá pelas 9 horas da manhã, a temperatura já beirando 30ºC, sol escaldante, caminhava ligeira tentando acertar a passada no centenário calçamento de pedras irregulares e ainda me equilibrar no salto alto da sandália quando vi assomar lá na rua principal o grupo de Reisado da Paz, de São Cristovão (cidade medieval, cuja Praça São Francisco é Patrimônio da Humanidade desde 2010) com suas vozes de brincantes a cantarem em louvação a visita dos Reis Magos tendo a frente mestra Acácia. O cortejo, numa profusão de flores e fitas esvoaçantes nos chapéus e trajes, muitas cores e ao ritmo da sanfona, triângulo, ganzá, pandeiro e zabumba, se dirigia ao pátio da Igreja Matriz Sagrado Coração de Jesus. Fui atrás e me deixei ficar pelas escadarias da matriz assistindo a sua apresentação e sentindo a força da cultura de um povo, a sua identidade.
Ao meu lado a colega e amiga Profª Aglaé d`Ávila Fontes, Secretária Municipal de Cultura e Turismo de São Cristovão, escritora e uma das maiores investigadoras e conhecedoras do folclore sergipano, vai me contando a evolução e o ritual do Reisado que chegou ao Brasil com os portugueses. Dança profana-religiosa que celebra a véspera e o Dia de Reis. Faz parte do Ciclo Natalino e nesta época saem às ruas e vão de porta em porta anunciando e louvando a chegada do Menino Jesus com seus benditos, loas e “abrições de porta”.
Esclarece a professora Aglaé que, além das danças e cantos de “pedição” e “louvação”, o Reisado possui “o entremez” que é a dramatização do folguedo comandado pela Dona do Baile (ou Dona Deusa) e por Mateus (ou Caboclo), vestido de palhaço, com suas piadas e brincadeiras provocativas. As pastoras seguem em dois cordões geralmente nas cores vermelho (encarnado) e azul. O Grupo da Paz, por decisão da mestra, apresentava um cordão em vermelho e outro na cor verde da esperança.
Meu olhar seguia fascinado a alegre evolução do grupo de Reisado que se despedia… “ A nossa lapinha /ai já se queimou/e nossa alegria/também se acabou /Inté para o ano/ se “nóis” vivo for.” (do canto Queima da Lapinha)
Horas depois, no amplo auditório da UFES, durante a minha intervenção sobre Patrimônio Imaterial – as Festas Religiosas Tradicionais, fiz questão de lembrar o Terno de Reis de Santa Catarina, grupo de cantadores e músicos formado por três ou mais componentes, que naquele dia de Reis também percorria as ruas das pequenas vilas, cidades do litoral e da capital Florianópolis cantando em louvor ao nascimento do Menino Jesus, a presença da Estrela Guia e a chegada dos Reis Magos. Munidos de sanfona, violão, rabeca, pandeiro e tambor, o Terno de Reis vai de porta em porta botando sua cantoria alegre, versos de “repente”, improvisados, pedindo ao Deus Menino às bênçãos divinas, um próspero ano novo para a família visitada e no final há “comes e bebes” como é o costume do lugar.
Uma tradição que a alma popular catarinense reconhece como parte de sua memória coletiva e marco da sua história cultural, numa convergência de religiosidade e arte popular, mantendo viva num contínuo revitalizar, os bens culturais intangíveis herdados dos povoadores desta terra abençoada por Santa Catarina.
No céu uma estrela iluminou o santo Menino deitado nas palhas da manjedoura e orientou os Reis Magos levando-os ao Seu encontro.
Há 264 anos, no dia de Santos Reis, iluminados pela estrela da esperança e cheios de sonhos e fé no Novo Mundo, os desbravadores açorianos chegavam a Santa Catarina depositando nesta terra que os acolhia o seu destino. Aqui foram arquitetos de um novo tempo e construtores de uma Santa Catarina, que é exemplo de trabalho, desenvolvimento e progresso para o Brasil, de um povo altaneiro que porta orgulhosamente as suas tradições culturais vincadas no Atlântico Norte no belíssimo Arquipélago dos Açores.

    Lélia Pereira da Silva Nunes
 Aracaju (SE)6 de janeiro de 2012

Créditos e legendas das fotos:
1. Lélia Nunes, Grupo Reisado da Paz, São Cristovão,Sergipe.
2. Celso Martins, Grupo Olaria, bairro Sambaqui, Florianópolis,SC. In: Blog Sambaqui na rede2    

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