O Mar gemia e espreguiçava os braços,
em convulsões, como ondas de espuma,
fazendo côro co’a imensidão da bruma,
que se estendia aos celestiais espaços…
E eis sonhei com as visões de bruma,
que alucinavam como ardentes laços,
vendo-as quais ondas, feitas em pedaços:
imagem da utopia que se esfuma…
Como essas, bem são, por esse Mundo,
as hecatombes que atormentam vidas,
num egoísmo malfadado e imundo.
Louros, troféus, vitórias mui subidas
se somem, muita vez, no abismo fundo:
a Glória tem também suas descidas…
José da Costa,
Relicário Poético,
Ed. do autor (Tip. Moderna), Angra do Heroísmo, 1965.
Costa, José de Sousa da (1896-1979) funcionário público, poeta, natural da freguesia de Terra Chã, ilha Terceira, trabalhou na cidade de Angra do Heroísmo e na terra natal onde residiu.