Toronto, o “PATH” multicultural
Lélia Pereira da Silva Nunes
Um labirinto de caminhos corre por baixo da terra numa grande efervescência dando vida a uma cidade subterrânea por mais de 27 quilômetros. É o PATH que ,literalmente,significa caminho. Na superfície, resplandece esta que é uma das mais importantes e bonitas cidades do planeta:Toronto. Situada na província de Ontário, na margem norte do lago Ontário, Toronto é o centro financeiro e cultural do Canadá. Uma cidade multicultural, cosmopolita, elegante e majestosa com sua arquitetura contemporânea, grandes arranha-céus a dividirem o espaço com antigas construções neogóticas, neoclássicas ou em Art Decó, em tons de terra avermelhada, estilos que remetem a Inglaterra e ao século XIX.
Sobretudo, é uma cidade multicultural que abriu suas portas à imigrantes das mais diversas partes do mundo que aí realizaram seus sonhos de vida, escreveram sua história, estudaram, formaram famílias e contribuíram com o seu trabalho para o desenvolvimento do País de acolhimento. Desfrutando um padrão de vida invejável, a grande região de Toronto (Greater Toronto Area) possui 3.5 milhões de habitantes, dos quais cerca de 250 mil são portugueses e lusos-descendentes, sendo a maioria constituída de açorianos que lá vivem há mais de cinquenta anos. Por ruas como Azores Street que atravessa a área de Little Portugal e College Street, onde se localiza a confortável e hospitaleira sede da Casa dos Açores de Ontário, inúmeras lojas de comércio,escritórios e oficinas trazem no nome uma reverência às suas raízes numa afirmação de sua identidade: “Açores Continente Soccer Club”, “Lisboa Hardware” “Estrela do Mar Restaurante”, “Ponta Delgada Jewellery”.
Neste cenário grandioso da cidade de Toronto, tendo por palco a Hart House da Universidade de Toronto, teve lugar o Forum sobre a temática da Emigração e Comunidades, cujo tema central foi “Narrando a Diáspora Portuguesa:Identidade e Cultura Além-Fronteiras”. Uma ousada iniciativa da Direção Regional das Comunidades e de sua diretora Dra. Rita Machado Dias que, em atenção de sugestão do próprio Conselho Científico do Portal “ComunidadesAcorianas.org”, decidiu inserir na programação da reunião do referido Conselho, realizada na Casa dos Açores de Ontário, a promoção de tão singular Colóquio. Uma demonstração clara da reafirmação de atenção que a Direção Regional das Comunidades têm dedicado ao debate sobre a realidade das comunidades e aos que abraçam a causa açoriana, seja no Canadá, na América ou no Brasil. Uma ação organizada em parceria com a Universidade de Brock, Universidade da British Columbia, Universidade de Toronto e a Universidade dos Açores.
Aberta ao público em geral, o Forum permitiu o debate sobre a pluralidade da diáspora portuguesa com a participação de investigadores e acadêmicos oriundos dos Açores, Portugal Continental, Canadá, Estados Unidos e Brasil, com a colaboração de estudantes luso-descendentes da província de Ontário, para além de personalidades representativas da comunidade açoriana de Toronto que com seu trabalho são referenciais na sociedade canadense e dignificam o povo açoriano.
Sob a competente coordenação de Irene Maria Blayer, secundada por José Carlos Teixeira, o Forum apresentou quatro grandes painéis.
No painel de abertura,“Mundos Identitários: pluralidades da diáspora portuguesa” – sob a moderação de Álamo Oliveira e Lélia Nunes, os acadêmicos Maria Beatriz Rocha-Trindade e Vera Barroso trouxeram a sua experiência como professores e investigadores para o melhor entendimento das pluralidades da diáspora portuguesa, da mobilidade histórica dos açorianos no Sul do Brasil e sua expansão no Uruguai, enquanto Gilberta Rocha falou do processo da imigração no âmbito do Arquipélago Açoriano e o escritor Luiz Antonio de Assis Brasil abordou o espaço açoriano e a sua representação literária. Tratou-se, assim, de registros do passado, do presente e de perspectivas futuras.
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Crédito Imagens: 1 e 2 – Centro de Toronto e “Little Portugal” – LNunes
3 ,4 e 5 – Casa dos Açores de Ontário e Colóquio U.Toronto – António Oliveira