a sombra do tempo…
… os deuses são pecadores cordiais
crentes na pequenez espiritual dos mortais.
O alfabeto da imaginação humana
tenta ignorar a realidade
escrita com lâminas de mil gumes.
Vamos decifrar o silêncio derramado
nas rugas eloquentes da nostalgia,
útero da dúvida a germinar ciúmes…
a algazarra na apanha dos aplausos
caídos no palco da ilusão da igualdade
é poeira levantada pela brisa da justiça
na ânsia de nos livrar deste degredo…
já se ouve o coro da fraternidade:
– Ó coragem – irmã-gêmea do medo
a muralha do bem não teme o assalto
dos legionários da fé na falsidade…
Lá vão os profetas a desfilar mentiras
cadenciadas em “passo-de-ganso”
nas alamedas floridas do sucesso…
– Que tenham o eterno descanso!
Mas os deuses parasitas da súplica
continuam avessos à fraternidade do mito
do Bem suspenso na sombra do tempo
no meigo barbante do infinito…
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2009
Legenda e Crédito: Lagoa das Sete Cidades,I.São MIguel. Açores
Lélia Nunes,jul.2010