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Este conteúdo fez parte do "Blogue Comunidades", que se encontra descontinuado. A publicação é da responsabilidade dos seus autores.
Imagem de UM PRESÉPIO RADICAL
      Carlos Enes
Comunidades 28 dez, 2011, 19:14

UM PRESÉPIO RADICAL Carlos Enes

  

UM PRESÉPIO RADICAL
Carlos Enes

Quando chega a época de Natal, começam a tilintar na memória as recordações da infância. Para matar saudades, resolvi armar um presépio, partilhando e revivendo com o meu filho as alegrias da minha meninice.
Na sua companhia, percorri as lojas finas do burgo, para adquirir as figuras tradicionais do presépio. Sofri uma grande desilusão. Além dos preços pouco convidativos, o aspecto sobranceiro e novo-rico das imagens estilizadas não condizia com o presépio modesto e rural da minha infância.
Resolvi, então, iniciar uma peregrinação pelas feiras e mercados, em busca da genuinidade popular. Fiquei gelado ao constatar a falta de habilidade e de profissionalismo dos nossos artesãos. As galinhas não tinham bico nem crista; as ovelhas eram um monte de massa branca disforme que mais parecia um suspiro; os camelos, com uma boça exagerada e um pescoço excessivamente alongado, denunciavam um cruzamento apressado entre um dromedário e uma girafa; o burro só se distinguia da vaca pela ausência de adornos na testa; S. José, se tivesse uma saca de lona, parecia o tenebroso Velho da Lepra e Nossa Senhora apresentava uma carinha tão feio que nenhuma criança, em consciência, a aceitaria como progenitora.
Que saudades tive da loja do Pedrinho Amiguinho, onde tudo era perfeito, belo e celestial, no meio da multiplicidade de cheiros que se espalhavam no ar.
O desânimo foi-se apoderando de nós e captei um profundo desencanto no seu rosto.
Decidi, então, avançar com uma proposta radical:
– Daniel, vamos fazer um presépio, do nosso tempo, com os brinquedos que tens.
Aceite a proposta, a imaginação e o delírio entraram em acção, sem constrangimentos.
Escolhido o espaço no canto da sala, começámos por serrar umas tábuas e montámos a estrutura da gruta. Numa tampa de saboneteira, sobre umas tiras de ráfia, deitámos um velho Menino Jesus, herança familiar muito estimada. À minha sobrinha, pedimos uma Barbie super elegante que ficou a desbancar no papel de Nossa Senhora. Tinha um ar maternal, doce e sorridente, próprio de uma mãe que acabava de dar à luz a criança mais linda e perfeita do mundo. Para S. José, escolhemos um Super-Man, bem constituído, numa pose protectora para que nada estorvasse o bem-estar do seu rebento. O burro e a vaca da Playmobil foram promovidos a figuras mitológicas.
O Baltazar, o Melchior e o Gaspar foram substituídos por três famosas tartarugas Ninja – o Rafael, o Leonardo e o Donatelo. Não levavam mirra nem incenso, mas lá estavam atentas a qualquer tentativa de assalto do rei Herodes que ficou representado por uma figura dos Moto-Ratos.
Colocados em cena os principais actores, fomos em busca dos figurantes. Nas encostas da gruta e no sopé, as ovelhas e galinhas foram substituídas por outros heróis. Dum lado, estavam os índios, com o seu acampamento montado; do outro, os cow-boys, bem entrincheirados e preparados para o embate. Como estávamos em época natalícia, decidimos fazer um pacto entre o Kansas Kid e o Grande Chefe Pena de Galinha: só era permitido o tiroteio, depois do dia de Reis. Por muito que lhes custasse, tiveram que remoer a raiva interiorizada, para que se cumprisse a tradição de paz e harmonia entre os homens de boa vontade.
Para dar mais vida e animação ao presépio, distribuímos outros personagens pela estrada e pelo povoado: representantes da família Pato Donald, o Rato Mickey, o Popeye e a sua amiga Olívia Palito, o Spiderman, o Batman e o Robocop.
Para substituir a estrela no cimo da gruta, nada mais indicado do que o E.T., uma figura ternurenta, vinda do além, para indicar e iluminar o caminho da esperança aos incrédulos dos nossos dias. A seu lado, foi colocado o Astérix com a missão de zelar pela boa ordem e harmonia do presépio.
Quando nos distanciámos, para apreciar o resultado final da obra, reparei que o Astérix estava completamente desorientado no meio daquela barafunda. Só lhe faltava pôr as mãos à cabeça e exclamar: estes romanos são loucos.
É provável que tenha razão. Mas o Menino Jesus, pelo menos até hoje, não reclamou das companhias, nem ficou a sofrer das urinas. Boas Festas.

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