Uma Literatura de Temas e não de Escolas – um novo Olhar de Celestino Sachet sobre a LITERATURA DOS CATARINENSES
O escritor Celestino Sachet acaba de lançar a obra «A Literatura dos Catarinenses. Espaços e caminhos de uma identidade»,pela editora da UNISUL. Fruto de mais de dez anos de dedicada pesquisa sobre a produção ficcional dos catarinenses, o livro oferece uma análise acurada do Poema, Prosa e Teatro.
Apresenta o mais completo estudo da criação literária dos catarinenses realizado em todos os tempos. Uma obra que estava sendo ansiosamente esperada e chega como uma lufada do Vento Sul, como um desejo imperativo ouvir as nossas vozes. Todas. Celestino Sachet buscou exaustivamente, sem dar trégua nem a si mesmo, por todas as fontes possíveis e inimagináveis. Realizou um grandioso levantamento,indicando cerca de 1.200 autores.
Sachet, dá uma nova perspectiva sobre a criação literária do catarinense no correr da nossa história cultural,desde os meados do século XIX e ao longo da contemporaneidade adentrando os dez primeiros anos do século XXI.
Depara-se com “uma literatura de temas e não uma literatura-de-escolas”, aquela literatura regionalizada submetida a tola ideia de Escolas, cronologias, sistemas fechados, compartimentados, estratificados,esclarece o autor. Trata-se aqui da Literatura por ela mesma, nem mais nem menos. É isso que quer Celestino Sachet com a sua notável Literatura dos Catarinenses, obra editada em dois livros de formatos diferentes e um mesmo conteúdo com capa e ilustrações belíssimas do artista e escritor Rodrigo de Haro. Capítulo a capítulo há um desenrolar de criaturas, de ideias, de movimentos que marcaram época e o desenvolvimento cultural de Santa Catarina.
Estamos diante de um novo e imenso olhar sobre a produção literária dos catarinenses. Não é um olhar complacente e sim um olhar arguto e compreensivo ante as mundividências do passado e as novas, as perspectivas inovadoras do fazer literário. Enquanto, alguns negam a existência de uma Literatura Catarinense no universo da Literatura Brasileira, o mestre Celestino Sachet, sobejamente, defende e comprova a força de uma literatura identitária nas suas marcas vitais e específicas para além da personalidade nacional. Deixar para trás os pressupostos universalistas e trazer para o convívio do perto, do nosso, do local. O território catarinense (espaço físico) e a alma catarinense são os dínamos da literatura dos catarinenses, ainda que assentada na diversidade geográfica, econômica ou étnica decorrentes das diásporas culturais ou da voz imigrante.
Celestino Sachet, que já prepara uma edição com autores de não-ficção maneja o cinzel na busca da marca, do sinal identitário, dissecando preciso a questão do espaço e os caminhos para a construção de uma personalidade, de uma identidade que, com certeza, já está em andamento. Isto é inegável!
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Lélia Pereira da Silva Nunes
*Socióloga,escritora
