‘tecedeira’ de Zé Penicheiro
TRABALHOS DO LINHO E DA LÃ
A Jonas Negalha
Eu não conheço na vida
Lida mais alegre e sã
Do que os trabalhos do linho
Mais os trabalhos da lã.
Crianças – aves sem penas
E quantas vezes sem ninho! -
Vamos trabalhar a lã
Vamos trabalhar o linho!
Quando a minha mãe fiava
O fuso é que andava em moda –
Mas as meninas d’agora
Sabem só fiar na roda.
Anda à roda, minha roda,
Vamos fiar esta lã!
Também ando numa roda
Desde o romper da manhã.
O novelo é coração
Que anda na mão bem fechado…
Ai fio da nossa vida
Vais um dia ser cortado!
Não dês força à dobadoura,
Que esse fio é muito fino –
Talvez estejas dobando
O fio de algum destino.
Tecedeira, bate, bate,
Mostra que tens mão segura –
Quem urdira e quem tapara
Teia da boa ventura!
Valério Florense,
Atlânticos, Arquipélago,
Coimbra, Coimbra Editora, L. da, 1960.
Valério Florense é pseudónimo de José Luís de Fraga (1901-1968), padre, músico, poeta, natural da freguesia de Fajã Grande, Flores, fez serviço religioso em diversas paróquias das ilhas Terceira, Faial, S. Jorge, S. Miguel e ilha natal onde veio a falecer.
Imagens de:
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