Viagem ao Começo
Como um Júlio Verne em “Vinte Mil Léguas Submarinas”, Celso Ramos Filho navegou em direção ao começo. Seu periscópio atravessou o oceano e foi dar na enseada de Angra do Heroísmo, na “Pátria Terceira”, entre campos verdes e delicados, múltiplos cones vulcânicos, coxilhas que lembram um tabuleiro de xadrez, alternando quadrados de um verde suave ao de um verde colérico. E havia o Porto de Angra, ao Sul, e a Praia da Vitória, ao norte.
Nessa viagem pelas artérias da genealogia, o engenheiro da família se fez um Pero Vaz e lançou sua copiosa carta do descobrimento das origens, circunavegando a família Ramos, da Ilha Terceira até a sua chegada a São Miguel da Terra firme, logo ali depois do Estreito, freguesia que, sendo parte do continente, ganhou o nome da Ilha açoriana.
E o segundo filho do pioneiro Matheus José Coelho, nasceu ali em São Miguel, um “Mané”da periferia ilhoa e o primeiro de uma dinastia familiar que haveria de fundar a sua história com o sobrenome que se derramou da pia batismal num Domingo de Ramos.
Irrequieto, Laureano José Ramos inauguraria uma breve diáspora rumo ao Paraná e o Rio Grande, até a definitiva chegada dos Ramos ao planalto, no “Passo da Santa Vitória” – uma reflexa reminiscência à Praia da Vitória, na Ilha Terceira – em cujo sítio fixaram a primeira vivenda da família e boa parte da história de Santa Catarina e do Brasil.
Sérgio da Costa Ramos
Nota: Nascidona Ilha de Santa Catarina, terceirense por legadoancestral e jeito de viver. O Autor é uma das mais influentes vozes da literatura catarinense contemporânea, com uma expressiva produção literária. Cronista do Diário Catarinense. Escritor,membro da Academia Catarinense de Letras.