Nasce na manhã clara o belo Apolo
Fatigando os cavalos com porfia,
E quando chega a noite húmida e fria
Vai renascer no clima doutro polo.
Por entre os bosques se enfurece Eolo
Cortando a flor mimosa que crescia,
Porem, descansa quando o fim do dia
Põe termo ao arbítrio de Timólo.
Tudo no tempo vário tem mudança,
Pois se troca a tormenta desabrida
Pelo semblante alegre da bonança.
Só eu, enquanto me durar a vida,
Não verei de piedade semelhança
No semblante gentil da dura Ermida.
Vitaliano da Silveira1, in “Antigualhas”2,
Horta, Boletim do Núcleo Cultural da Horta, (vol. 2, nº 3),
1961.
1 Neoclássico – grupo do Pilar: Manuel Inácio de Sousa (phes, 144), Cândida de Arriaga, Vieira Goulart (phes 247), Pereira de la Cerda (phes 257), Thomás da Soledade (phes, 270) e outros. 2 Transcrito de «O Grémio Literário, do nº 7 de 15-8-1880 ao nº 39 de 1-2-1882.
Silveira, Vitaliano José Brum da (1768-1816) poeta, guitarrista, nascido em Coimbra de pai faialense, viveu na cidade da Horta onde faleceu.