Na sua obra ABC of Reading, Ezra Pound refere um interessante episódio
passado com um estudante e Agassiz, professor de História Natural.
Um estudante pós-graduado foi, um dia, ter com Agassiz. Este deu-lhe um
pequeno peixe e disse-lhe para o descrever. O estudante respondeu imediatamente:
“É apenas um peixe”. Ao que Agassiz retorquiu: “Eu sei. Descreva-o por escrito”.
pequeno peixe e disse-lhe para o descrever. O estudante respondeu imediatamente:
“É apenas um peixe”. Ao que Agassiz retorquiu: “Eu sei. Descreva-o por escrito”.
Passados alguns minutos, o estudante voltou com uma descrição do Ichtus
Heliodiplodokus (ou de qualquer outro nome utilizado para ocultar o conhecimento
do comum dos mortais, o peixe vulgar), família dos Heliichterinkus, etc. Agassiz
disse de novo ao estudante para descrever o peixe. Passados dias, o jovem regressou
com um trabalho de algumas páginas sobre o assunto. Então Agassiz disse-lhe: “Olhe
para o peixe”. Ao fim de três semanas o peixe estava em decomposição, mas o
estudante sabia, finalmente, qualquer coisa sobre ele.
Heliodiplodokus (ou de qualquer outro nome utilizado para ocultar o conhecimento
do comum dos mortais, o peixe vulgar), família dos Heliichterinkus, etc. Agassiz
disse de novo ao estudante para descrever o peixe. Passados dias, o jovem regressou
com um trabalho de algumas páginas sobre o assunto. Então Agassiz disse-lhe: “Olhe
para o peixe”. Ao fim de três semanas o peixe estava em decomposição, mas o
estudante sabia, finalmente, qualquer coisa sobre ele.
Ora, esta história ilustra – e bem – uma situação que continua a ser dos nossos
dias. Há quem aprenda sem “digerir” o que aprendeu. Alguns alunos decoram a
matéria, sem a analisar e refletir. É sempre preciso reflectir, com maior ou menor
profundidade, de acordo com os conhecimentos que possuímos e também com a
nossa experiência que deve vir sempre em primeiro lugar. Não se aprende só com os
livros e com a internet. Aprende-se também com a vida vivida.
dias. Há quem aprenda sem “digerir” o que aprendeu. Alguns alunos decoram a
matéria, sem a analisar e refletir. É sempre preciso reflectir, com maior ou menor
profundidade, de acordo com os conhecimentos que possuímos e também com a
nossa experiência que deve vir sempre em primeiro lugar. Não se aprende só com os
livros e com a internet. Aprende-se também com a vida vivida.
Ainda hoje recordo, com alguma ansiedade, as aulas de Português dos meus
tempos de Liceu. Nessa época, embora houvesse uma ou outra excepção, o texto
estudado nas aulas não era mais do que uma amálgama de adjectivos, verbos e
substantivos, pronomes e advérbios que os mais diligentes catalogavam e
classificavam. O texto reduzia-se a uma infinidade de orações subordinadas e
coordenadas que, diariamente, se memorizavam. O texto era o que a vida do autor
tinha sido, era o rótulo da escola, a pertença a um –ismo qualquer, presente ou
passado…
tempos de Liceu. Nessa época, embora houvesse uma ou outra excepção, o texto
estudado nas aulas não era mais do que uma amálgama de adjectivos, verbos e
substantivos, pronomes e advérbios que os mais diligentes catalogavam e
classificavam. O texto reduzia-se a uma infinidade de orações subordinadas e
coordenadas que, diariamente, se memorizavam. O texto era o que a vida do autor
tinha sido, era o rótulo da escola, a pertença a um –ismo qualquer, presente ou
passado…
Não tenho saudades desses tempos dos Compêndios maçudos, das Selectas
Literárias, dos Manuais “aprovados oficialmente” e patrioticamente visados pela
censura do Estado Novo…
Literárias, dos Manuais “aprovados oficialmente” e patrioticamente visados pela
censura do Estado Novo…
Actualmente o processo ensino-aprendizagem é substancialmente diferente.
Foram muitas as mudanças entretanto introduzidas no sistema educativo. Mas
tardamos em encontrar o rumo certo… Veja-se, a título de exemplo, as novas
terminologias gramaticais da língua portuguesa. Não se pode ensinar sintagmas
nominais a quem ainda tem dificuldades em ler…
Foram muitas as mudanças entretanto introduzidas no sistema educativo. Mas
tardamos em encontrar o rumo certo… Veja-se, a título de exemplo, as novas
terminologias gramaticais da língua portuguesa. Não se pode ensinar sintagmas
nominais a quem ainda tem dificuldades em ler…
Por outro lado, há este paradoxo: apesar de vivermos no mundo globalizado da
informação, da comunicação e da imagem, a verdade é que falamos cada vez mais,
mas comunicamos cada vez menos… Os nossos jovens estão cada vez mais
informados e comunicativos, é certo, mas cada vez menos cultos e eruditos.
informação, da comunicação e da imagem, a verdade é que falamos cada vez mais,
mas comunicamos cada vez menos… Os nossos jovens estão cada vez mais
informados e comunicativos, é certo, mas cada vez menos cultos e eruditos.
Se é um facto que as nossas crianças aprendem cada vez mais fora da Escola, a
conclusão a tirar é que a Escola tem que ensinar cada vez melhor. Porém, as nossas
escolas só podem ensinar cada vez melhor se, por um lado, possuírem nos seus
quadros docentes altamente qualificados, competentes e motivados e, por outro,
dispuserem de bons espaços, bons laboratórios, bons equipamentos. Não basta
construir escolas. “É muito fácil construir igrejas – o que é difícil é meter Deus lá
dentro”, escreveu o sociólogo Toynbee.
conclusão a tirar é que a Escola tem que ensinar cada vez melhor. Porém, as nossas
escolas só podem ensinar cada vez melhor se, por um lado, possuírem nos seus
quadros docentes altamente qualificados, competentes e motivados e, por outro,
dispuserem de bons espaços, bons laboratórios, bons equipamentos. Não basta
construir escolas. “É muito fácil construir igrejas – o que é difícil é meter Deus lá
dentro”, escreveu o sociólogo Toynbee.
Quem quer ensinar tem muito que aprender. Mais do que transmitir
conhecimentos, a Escola terá que preparar os nossos jovens para uma cidadania
activa. E todos nós, professores e alunos, temos que aprender a aprender, agora que
iniciamos um novo ano letivo. Por conseguinte, (re)inventemo-nos. Isto é,
procuremos um novo paradigma para o nosso sistema educativo.
conhecimentos, a Escola terá que preparar os nossos jovens para uma cidadania
activa. E todos nós, professores e alunos, temos que aprender a aprender, agora que
iniciamos um novo ano letivo. Por conseguinte, (re)inventemo-nos. Isto é,
procuremos um novo paradigma para o nosso sistema educativo.