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Este conteúdo fez parte do "Blogue Graciosa Online", que se encontra descontinuado. A publicação é da responsabilidade dos seus autores.
Imagem de Da baleação graciosense
Graciosa Online 18 nov, 2019, 14:27

Da baleação graciosense

Crónica de Victor Rui Dores

Desde o início do século XX até finais dos anos 60, a caça à baleia nos mares da Graciosa constituiu uma atividade marítima com alguma expressão para a ilha e marcou, sem dúvida, o imaginário dos graciosenses.
Eu, que fui criado numa casa que tinha dentes de baleia no peitoril das janelas a servir de calço, cresci a olhar com muito respeito os homens envolvidos na caça do cachalote: oficiais, trancadores, remadores, mestres das “gasolinas” e vigias.
Entre Abril e Outubro, as arriadas à baleia faziam parte do quotidiano e, na vila de Santa Cruz da minha infância, saíamos da escola em correrias para assistir ao desmancho dos cetáceos, após terem sido rebocados para a baía da Barra.
Nessa altura, a Graciosa possuía duas armações baleeiras, e conheci trancadores de referência, como Casimiro Ribeiro, Frederico Faial, Gabriel Rato, Armandino, entre outros.
Alguns botes baleeiros da Graciosa fazem parte da memória colectiva dos graciosenses. Lembro aqui os primeiros: “Santa Cruz”, “Senhora da Ajuda”, “São Salvador” e “São João”. Mais tarde, e numa altura (anos 40 e 50) em que a baleação graciosense conhecia o seu auge, surgiram “Cristóvão Manuel”, “Senhora da Conceição”, “Pico Negro”, “Serra Branca”, “Restinga” (que se encontra atualmente numa dependência do Museu da Graciosa) “Senhora de Fátima” (que hoje se encontra a servir de balcão numa das dependências do Clube Naval da Graciosa), entre outros.
De igual importância foram as lanchas de apoio à baleação. Deu-se o nome de Graciosa à primeira lancha, com motor de fraca potência, alimentado a gasolina. Por essa razão eram conhecidas por “gasolinas da baleia”. No fim da década de 30, a velha Graciosa foi abatida e substituída por outra, mandada construir na vila das Velas, ilha de São Jorge – a Estefânia Correia que esteve em atividade durante muito tempo. Terminado o ciclo da baleia, a lancha começou a degradar-se e esteve durante muito tempo arrumada num barracão mas, felizmente, foi recuperada e hoje navega em apoio a regatas, sendo pertença do Clube Naval da Graciosa.
Três mestres marcaram a história da Estefânia Correia: António Félix Moniz, também conhecido por António Faroleiro, Eutímio Silva, Pedro Cândido e Alziro Soares.
A Estefânia Correia não esteve apenas ligada à baleação, mas também ao transporte de doentes e grávidas para a vizinha ilha Terceira, servindo de verdadeira ambulância marítima. E o mesmo se diga em relação a outras lanchas, como o Carapacho, o José Alexandre e a Rosa Maria. 
O sr. Luís José Coelho, grande entusiasta das lides da baleia, era o mecânico de serviço sempre que havia alguma avaria nestas lanchas. 
O sr. Rufino Cordeiro Dias Pereira, o último mestre do José Alexandre, neto de Vital Maria Pereira, um dos impulsionadores da caça à baleia na Graciosa, e filho de mestre João Baptista, cabo de mar e trancador, deu à estampa, em 2005, o livro A caça ao cachalote na ilha Graciosa (2005), cuja leitura aqui vivamente se recomenda. 
Da baleação graciosense
Falemos agora dos vigias. Antes de serem introduzidos os aparelhos de fonia, e sem as tecnologias de informação e comunicação hoje ao nosso dispor, os vigias tiveram um papel muito importante na baleação graciosense. Lembramo-nos muito bem do sr. António Francisquinho, do sr. Belchior Dias Cordeiro e do Chico Baja. Estes vigias recorriam, então, a uma sinalética convencionada, através da qual a população tinha conhecimento da baleação em alto mar. Bastava olhar para o Monte da Ajuda, onde se encontrava (e ainda lá está) instalada uma vigia da baleia. Nessa vigia havia sinais convencionais que eram transmitidos com bandeiras de várias cores. Para que fossem visíveis de vários pontos, essas bandeiras eram içadas num mastro implantado no lado direito da vigia. Era o seguinte o significado das cores dessas bandeiras: vermelha, significava que a baleia estava a ser baleada; branca, significava que a baleia estava morta.
No dia 7 de Novembro de 1967, quando os baleeiros regressavam a terra, ocorreu, à entrada da baía da Barra, o mais trágico desastre em três quartos de século de baleação na Graciosa. A rebocar o bote “Cristóvão Manuel”, o mestre da Estefânia Correia, Manuel José Bettencourt, executou uma manobra que não era a mais aconselhada e o resultado foi dramático: o bote virou-se e seis vidas foram ceifadas. No bote seguiam o oficial José Vieira Goulart, o trancador Firmino Rodrigues Picanço e os remadores Arnaldo de Sousa, Izalino Nunes, Gabriel Machado, Albino Horta e José Soares. Apenas o trancador Firmino Rodrigues conseguiu salvar-se.
A vila de Santa Cruz da Graciosa encheu-se de choros, gritos e lágrimas naquela que foi a noite mais noite de todas as noites…
Nos tempos que correm, o cachalote tornou-se, nas ilhas, cabeça de cartaz, sendo abundantemente fotografado e filmado por visitantes de todo o mundo através do whale watching – naquela que constitui uma atividade marítimo-turística de crescente importância.
Terminada a aventura baleeira, os cachalotes passeiam-se, hoje, livremente nos mares dos Açores. 


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