Cada trilho tem a sua história…
Este grande trilho (viagem às Ilhas de São Jorge e Pico) foi especial…
Foi um trilho de desafios, aventura, cooperação e superação.
Vamos explicar porquê.
De 12 a 17 de julho de 2018, Trilhos com História rumaram às Ilhas de São Jorge e Pico, com objetivos bem definidos: conhecer novos trilhos, novas histórias, novas paisagens, passear de lancha, subir a Montanha do Pico, experimentar Canyoning pelas belas cascatas de São Jorge, explorando a perfeita sintonia entre natureza e mar, elementos tão fortes no Arquipélago dos Açores.
Após chegada à Ilha de São Jorge, e depois da receção calorosa dos professores organizadores da EBS da Calheta, foi realizado o Trilho “Caminho das Fontes”, com o objetivo de perceber o funcionamento da captação e armazenamento de água em São Jorge, uma vez que a “Arquitetura da Água” foi abordada na visita à Graciosa, fazendo-se aqui uma ligação temática entre as duas Ilhas, com referência às particularidades de cada uma. Aqui, foi também crucial perceber a paisagem vulcânica da Ilha de São Jorge, que apresenta um vasto conjunto de formas e características peculiares, com destaque para as imponentes arribas costeiras, falésias e fajãs.
Na tarde do mesmo dia, e com a empresa Marítimo-Turística MarAzores – Sal & Sonhos, Trilhos com História navegaram em direção à Ilha do Pico para abraçar novas experiências, conhecimentos e desafios.
Foi realizada a atividade “Visitar o Coração do Lajido”, no Centro de Interpretação da Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico, conhecendo-se a excelente representação da arquitetura tradicional ligada à cultura da vinha, do desenho da paisagem e dos elementos naturais. A diversidade faunística e florística aí presentes estão associadas a uma abundância de espécies e comunidades endémicas, raras e com estatuto de proteção.
Trilhos com História puderam visualizar a espantosa rede de longos muros de pedra, espaçados entre si, que correm paralelos à costa e penetram em direção ao interior da ilha. Estes muros foram erguidos para proteger do vento e da água do mar as videiras, que são plantadas em milhares de pequenos recintos retangulares (currais), colados uns aos outros. Remontando ao século XV, a presença da viticultura manifestou-se através desta extraordinária manta de retalhos de pequenos campos, de casas e quintas do início do século XIX, de ermida, portinhos e poços de maré.
A paisagem modelada pelo homem, de uma beleza extraordinária, é o melhor testemunho que subsiste de uma atividade outrora muito ativa, quer na Ilha do Pico, quer na nossa Ilha Graciosa.
Tivemos ainda oportunidade de conhecer o Cella Bar, sendo um espaço onde o petisco e os produtos tradicionais são servidos de forma contemporânea.
A ideia, à primeira vista, é que se está na presença do dorso de uma baleia em madeira, harmoniosamente colada a um edifício tradicional, magnificamente recuperado, feito na pedra vulcânica que abunda por todo o arquipélago.
No dia seguinte, 14 de julho, mesmo após uma noite de chuva e nevoeiro, pelas 8 da manhã, Trilhos com História iniciaram a subida à Imponente Montanha do Pico, com ponto de partida na Casa da Montanha. As condições climatéricas melhoraram drasticamente e permitiram-nos concretizar este sonho, desenhado no início do ano letivo.
Este trilho, de grau de dificuldade médio/elevado, foi uma verdadeira prova de fogo, desafiando os nossos limites para alcançar o ponto mais alto de Portugal (2351 metros).
Trilhos com História tiveram a oportunidade de sentir que o vulcão é a “alma” desta Ilha, imprimindo-lhe um carisma único. A mística que o envolve desafiou-nos a subir e a descer a montanha, num percurso exigente, que durou aproximadamente 9 horas, com resultados extremamente compensadores, pelo usufruto das paisagens de tirar a respiração, por cima das nuvens, com visualização das restantes ilhas do grupo central, pela observação das várias formações geológicas. Aos 2050m de altitude, pudemos encontrar uma cratera fóssil e, no cume, uma cratera-poço, o cone lávico do piquinho e uma fissura eruptiva.
À medida que progredimos na subida, a vegetação começou a apresentar-se mais escassa, dispersa e de dimensões mais reduzidas, sendo que apenas algumas espécies conseguem sobreviver à dureza do clima no topo da Montanha.
Este grande desafio exigiu, dos Trilhos com História, algo que trabalhamos durante o ano todo: aptidão física, cooperação, respeito mútuo, espírito de interajuda e superação. A subida consumiu tempo e muita energia. No entanto, uma vez no topo, a paisagem e a atmosfera envolventes foram deslumbrantes e arrebatadoras.
Neste mesmo dia, e sem parar, regressámos à Ilha de São Jorge, para dar continuidade, nos dias seguintes, às atividades planeadas.
Visitámos o Museu Francisco Lacerda, no qual nos foi apresentada a exposição sobre o grande maestro Francisco de Lacerda (Jorgense de berço), conhecido internacionalmente pelo seu trabalho e êxitos, convivendo com grandes nomes da música europeia. Foram também apresentadas as exposições: “A última viagem da Barca Negreira Francesa Mont Ferran”, com destaque para os objetos com o conhecimento das rotas esclavagistas, proporcionando uma visão abrangente da realidade abolicionista europeia e a continuação da prática do tráfego ilegal de escravos ao longo do século XIX; “Chavão: marcador de Pão e de História”, com explicação da utilização das peças de madeira, para chavar (gravar, carimbar) os bolos de véspera das Festas do Espírito Santo, na Ilha de São Jorge. Tal como em cada trilho, cada chavão tem uma história, começando nas mãos daqueles que ao longo de séculos trabalharam esta arte.
Nesta viagem, tivemos ainda a oportunidade de efectuar um trilho muito interessante, sendo ele Serra do Topo-Caldeira de Santo Cristo-Fajã dos Cubres, numa extensão de 10 km, distinguindo-se por passar em locais considerados únicos, como as cascatas, as lagoas costeiras das Fajãs da Caldeira de Santo Cristo e dos Cubres. Ao longo do percurso foi possível estar em constante contato com a biodiversidade característica desta zona.
Uma vez chegando à Fajã da Caldeira de Santo Cristo, local de grande interesse cultural e paisagístico, visitamos o Centro de Interpretação com o mesmo nome, dando a conhecer a história geológica, biológica e humana das Fajãs de São Jorge, daí a denominação da atividade “Desvendando o Parque Natural”.
Um dos pontos altos e radicais desta nossa aventura foi a experiência “Canyoning”, pela mão da empresa Aventour, inserido no programa do Festival de Julho, organizado pela Câmara Municipal da Calheta. Importa referir que a Aventour é a empresa pioneira do Canyoning nos Açores. Esta atividade reúne técnicas de espeleologia e escalada, praticada segundo diversas regras de segurança.
Com uma corda presa num ponto de segurança (ancoragem), descemos o leito de um ribeiro, vencendo as cascatas. Foi, sem dúvida, a forma mais gratificante de descobrir a natureza pura e intacta, percorrendo os muitos cursos de água que a Ilha de São Jorge tem para oferecer. Segundo a empresa Aventour, “é uma forma diferente de conhecer esta ilha, desfrutando do que de mais belo possuímos: “Natureza Selvagem”.”
Trilhos com História tiveram o privilégio de viver e sentir a Ilha desta forma.
Não há palavras para agradecer à Aventour o despoletar destas sensações, repletas de adrenalina.
Não há palavras para agradecer à Aventour o despoletar destas sensações, repletas de adrenalina.
Dia 17 de julho, regressamos a casa… simplesmente de alma cheia.
Nostálgicos e felizes, por termos terminado um ano fantástico de descoberta.
Nostálgicos e felizes, por termos terminado um ano fantástico de descoberta.
Trilhos com História cumpriram a sua missão.
Obrigado a todos aqueles que nos ajudaram a concretizar este sonho.
Obrigado a todos aqueles que nos ajudaram a concretizar este sonho.
“Trilhos com História foi, sem dúvida, um projeto de ensinamentos. Trabalhar em equipa foi um ponto muito positivo e elogiado nesta viagem. Superar os nossos medos e superarmo-nos a nós próprios soube muito bem. Adrenalina é a palavra que, na minha opinião, descreveu estes 5 maravilhosos dias!” (Susana Silva)
“Viagem com muitas experiências novas e que nunca imaginei vir a fazer.
Foi uma viagem além das expectativas! Uma viagem que, certamente, irá ficar na memória durante muito tempo. Pelo que fizemos, pela forma como encaramos as atividades e, principalmente, pela motivação que tínhamos.
Caso para dizer que tenho ORGULHO do que fiz.
Um muito obrigado!” (Bernardo Picanço)
Foi uma viagem além das expectativas! Uma viagem que, certamente, irá ficar na memória durante muito tempo. Pelo que fizemos, pela forma como encaramos as atividades e, principalmente, pela motivação que tínhamos.
Caso para dizer que tenho ORGULHO do que fiz.
Um muito obrigado!” (Bernardo Picanço)
“Esta viagem fez-me sentir realizada, cumprimos tudo aquilo a que nos tínhamos proposto da melhor maneira. Valeu a pena termo-nos levado ao LIMITE… cansados, mas mesmo assim a gostar imenso!” (Cátia Costa)
Agradecimentos: Direção Regional da Juventude (Bento de Góis – Programa de Mobilidade e Intercâmbio Juvenil), EBS Graciosa, Serviço do Desporto da Ilha Graciosa (Euclides Carquejo), Parque Natural da Graciosa (Madalena Picanço e Carlos Picanço), Parque Natural do Pico, Parque Natural de São Jorge, Escola Básica e Secundária da Calheta, Câmara Municipal da Calheta, Junta de Freguesia da Calheta, Empresa Aventour, Empresa MarAzores – Sal & Sonhos, Sociedade Estímulo, Creche e Jardim de Infância “O Golfinho”, Museu Francisco Lacerda, Lar Residencial do Centro de Atividades Ocupacionais do Pico, Filarmónica das Sete Cidades, Grupo Desportivo dos Toledos.
(texto Rita Ávila)