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Este conteúdo fez parte do "Blogue Graciosa Online", que se encontra descontinuado. A publicação é da responsabilidade dos seus autores.
Imagem de Mulheres de capote
Graciosa Online 09 abr, 2023, 22:22

Mulheres de capote

Crónica de Victor Rui Dores

As capas – mantos com capuz, popularmente conhecidas por capote e capelo – são hoje
tidas como trajos populares dos Açores. Mas, segundo alguns autores (como Wilhelm Giese), a sua
origem é flamenga, dada a participação dos flamengos no povoamento de algumas ilhas açorianas.
Aquele estudioso adianta que as referidas capas se assemelham aos trajos belgas-flamengos,
especialmente de Bruges, usadas no século XVI. 

Esta opinião é contrariada pelo etnólogo e etnógrafo Leite de Vasconcelos que, em 1924
numa viagem efetuada pelos Açores de que resultaria o livro Mês de Sonho (1926), refere que
formas de vestuário bastante parecidas existiram também no continente português,
nomeadamente as capas de abrigo da fidalguia portuguesa de seiscentos, bem como a bioca da
Beira Alta e da Beira Baixa. Há também quem dê ao capote uma origem mourisca, pelo que
estamos perante uma matéria que deve merecer estudos mais aprofundados. 

Mulheres de capote

De pano grosso de lã, em merino preto, azul-escuro ou castanho-escuro, atraindo pela sua
majestade e mistério, o capote varia de ilha para ilha, sendo que, por exemplo, na ilha do Faial, o
capelo (ou cabeção) cobre a cabeça, ao passo que na ilha Terceira o mesmo cai pelas costas da
mulher. Comum em todas as ilhas, está a circunstância de a mulher levar na cabeça, sob o
cabeção, um lenço geralmente de cor branca ou amarela. 

De capote se ia à missa, às procissões, às endoenças e às solenidades religiosas. As
descrições da época denotam uma clara estratificação social: as senhoras de chapéu sentavam-se
nos bancos da frente da igreja, e, lá atrás, quase sempre de pé, ficavam as mulheres de manto… 
“Quem tem capa sempre escapa”. Este adágio aplicava-se na perfeição à mulher de capote.
E isto porque, com capote, ela estava sempre vestida. Se precisasse de ir à rua de repente, pegava
nele e saía como estava. E como essa peça de vestuário envolvia todo o seu corpo, bastava que ela
puxasse o capuz para a frente e, com o rosto ocultado, ninguém saberia quem ia lá dentro…
Estando completamente tapada até aos pés, era pelo sapato e pela meia que se ficava a saber se a
mulher era pobre ou abastada… Também pelas mãos: se a mulher usasse luvas de pelica não seria
propriamente uma pobre de Cristo… 
O capote era o trajo das mulheres menos jovens, ou das que, pela sua posição ou modo de
vida, não podiam andar no rigor da moda. Mais usado nas cidades e vilas do que em meios rurais,
este artefacto era herdado, deixava-se em testamento e passava de mães para filhas. E reza a
tradição oral que jovens mulheres se faziam valer desta peça de roupa para manter o secretismo
de encontros fortuitos e amorosos… 
Registos escritos provam que, a partir de meados do século XIX, o capote, por ser peça
inestética e disforme, já era objeto de chacota e de ridicularização sistemática, até por parte de
algumas autoridades. Curiosamente em 1924, Raul Brandão viu mulheres de capote na cidade da
Horta que se dirigiam de manhã à missa, dando disso testemunho no capítulo “A Ilha Azul” de As
Ilhas Desconhecidas
(1926), livro que não me canso de ler. 




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