ou a música (quase) toda de Carlos Alberto Moniz
Carlos Alberto Moniz continua a fazer navegação em rota, e não (como muitos por aí
fazem) navegação à vista. Desta vez traz-nos Por Esse Mar Abaixo, um triplo álbum, com 51
temas, tantos quantos os anos de carreira por ele já percorridos, entre uma maioria de originais e
alguns temas de outros autores.
fazem) navegação à vista. Desta vez traz-nos Por Esse Mar Abaixo, um triplo álbum, com 51
temas, tantos quantos os anos de carreira por ele já percorridos, entre uma maioria de originais e
alguns temas de outros autores.
Trata-se de uma celebrada viagem musical e poética que, dos Açores, parte para o Mundo,
aproando às costas portuguesas e ilha da Madeira, com escalas em Cabo Verde e Timor.
aproando às costas portuguesas e ilha da Madeira, com escalas em Cabo Verde e Timor.
Carlos Alberto Moniz leva, como companheiros de bordo, um grupo vasto de autores e
intérpretes que constitui “crème de la crème” do melhor que a poesia e a música portuguesa nos
deram neste último meio século: Natália Correia, Sophia de Mello Breyner, Max, Ary dos Santos,
José Afonso, José Jorge Letria, Álamo Oliveira, José Mário Branco, Sérgio Godinho, Manuel Freire,
Francisco Fanhais, Fausto Bordalo Dias, Paulo de Carvalho, Fernando Tordo, Carlos Mendes,
Samuel Quedas, José Fanha, José Barata Moura, José Cid, Jorge Palma, Zeca Medeiros, Vitorino
Salomé, Janita Salomé, Vasco Pereira da Costa, Luís Represas, António Zambujo, Danny Silva,
Mafalda Veiga, Pedro Abrunhosa, Maria João, Luís Alberto Bettencourt, Filipa Pais, António Bulcão,
Kátia Guerreiro, Jorge Fernando, Selma Uamusse, André Sardet, José Corvelo, Rita Redshoes,
Ricardo Ribeiro, Lúcia Moniz, entre outros. (1)
intérpretes que constitui “crème de la crème” do melhor que a poesia e a música portuguesa nos
deram neste último meio século: Natália Correia, Sophia de Mello Breyner, Max, Ary dos Santos,
José Afonso, José Jorge Letria, Álamo Oliveira, José Mário Branco, Sérgio Godinho, Manuel Freire,
Francisco Fanhais, Fausto Bordalo Dias, Paulo de Carvalho, Fernando Tordo, Carlos Mendes,
Samuel Quedas, José Fanha, José Barata Moura, José Cid, Jorge Palma, Zeca Medeiros, Vitorino
Salomé, Janita Salomé, Vasco Pereira da Costa, Luís Represas, António Zambujo, Danny Silva,
Mafalda Veiga, Pedro Abrunhosa, Maria João, Luís Alberto Bettencourt, Filipa Pais, António Bulcão,
Kátia Guerreiro, Jorge Fernando, Selma Uamusse, André Sardet, José Corvelo, Rita Redshoes,
Ricardo Ribeiro, Lúcia Moniz, entre outros. (1)
Compositor, cantor, músico, diretor musical, orquestrador e maestro, Carlos Alberto Moniz
foi dos primeiros açorianos (a par de José Germano de Sousa e do duo Duarte & Ciríaco) a levar a
música tradicional dos Açores para terras continentais. Ele era estudante universitário em Lisboa
quando se impôs, pelo seu talento, no programa televisivo “Zip-Zip” (RTP, 1969). A experiência foi
de tal modo decisiva que mandou às urtigas a Engenharia e abraçou a causa da música. E cantou
em duo (com Maria do Amparo) e a solo, integrou diversos grupos musicais, foi presença assídua
nos Festivais RTP da Canção, musicou Ary dos Santos e outros poetas de primeiríssima água,
acompanhou José Afonso, Carlos Paredes e Chico Buarque de Holanda, gravou discos, compôs,
orquestrou e produziu mais de quinhentas composições (só em cantigas infantis foram cerca de
trezentas, de parceria com José Jorge Letria). Conversador nato, foi “Tio Carlos” e apresentador
televisivo, pisou muitos palcos, fez, e continua a fazer, muitos espetáculos. E convirá não
esquecer que foi por influência e ação deste terceirense, que José Afonso e Adriano Correia de
Oliveira incluíram temas do cancioneiro açoriano nos seus trabalhos discográficos.
foi dos primeiros açorianos (a par de José Germano de Sousa e do duo Duarte & Ciríaco) a levar a
música tradicional dos Açores para terras continentais. Ele era estudante universitário em Lisboa
quando se impôs, pelo seu talento, no programa televisivo “Zip-Zip” (RTP, 1969). A experiência foi
de tal modo decisiva que mandou às urtigas a Engenharia e abraçou a causa da música. E cantou
em duo (com Maria do Amparo) e a solo, integrou diversos grupos musicais, foi presença assídua
nos Festivais RTP da Canção, musicou Ary dos Santos e outros poetas de primeiríssima água,
acompanhou José Afonso, Carlos Paredes e Chico Buarque de Holanda, gravou discos, compôs,
orquestrou e produziu mais de quinhentas composições (só em cantigas infantis foram cerca de
trezentas, de parceria com José Jorge Letria). Conversador nato, foi “Tio Carlos” e apresentador
televisivo, pisou muitos palcos, fez, e continua a fazer, muitos espetáculos. E convirá não
esquecer que foi por influência e ação deste terceirense, que José Afonso e Adriano Correia de
Oliveira incluíram temas do cancioneiro açoriano nos seus trabalhos discográficos.
Carlos Alberto Moniz continua igual a si próprio: cantar é nele uma forma de sonhar e de
resistir. Cada tema seu remete-nos para um sentimento, um estado de alma, uma preocupação e
uma inquietação, que ele canta com apurado sentido interpretativo e espessura emocional. A sua
música, que mergulha fundo no mar e tem raízes na música popular portuguesa, sobressaindo a
de expressão açoriana, combina universos musicais, com diferentes ritmos e diversificados
padrões melódicos: a canção, o fado-canção, a canção-denúncia, a balada, a marcha, a trova lírica,
o hino, a morna, a bossa-nova, a toada popular. Mas na génese de tudo isto, está, ainda e sempre,
a revistação do cancioneiro açoriano. Recordo, a propósito, que um dos seus melhores discos,
“Clássicos Açorianos” (2001), com um quarteto de cordas dirigido por João Paulo Esteves da Silva e
com arranjos deste, eleva, por assim dizer, a música tradicional dos Açores a um patamar de
música artística, erudita e… “clássica”.
resistir. Cada tema seu remete-nos para um sentimento, um estado de alma, uma preocupação e
uma inquietação, que ele canta com apurado sentido interpretativo e espessura emocional. A sua
música, que mergulha fundo no mar e tem raízes na música popular portuguesa, sobressaindo a
de expressão açoriana, combina universos musicais, com diferentes ritmos e diversificados
padrões melódicos: a canção, o fado-canção, a canção-denúncia, a balada, a marcha, a trova lírica,
o hino, a morna, a bossa-nova, a toada popular. Mas na génese de tudo isto, está, ainda e sempre,
a revistação do cancioneiro açoriano. Recordo, a propósito, que um dos seus melhores discos,
“Clássicos Açorianos” (2001), com um quarteto de cordas dirigido por João Paulo Esteves da Silva e
com arranjos deste, eleva, por assim dizer, a música tradicional dos Açores a um patamar de
música artística, erudita e… “clássica”.
Vale mesmo a pena escutar, em Por Esse Mar Abaixo, a voz expressiva, telúrica e bem
equilibrada de Carlos Alberto Moniz, e sentir como “respiram” os 59 cantores e os 29
instrumentistas que, com muito talento e cumplicidades à mistura, embarcaram nesta bem
porfiada aventura musical – uma verdadeira declaração de amor à música, à arte e à vida. Um
trabalho consistente e de altíssima qualidade, onde cabe todo o nosso imaginário e toda a nossa
memória coletiva.
equilibrada de Carlos Alberto Moniz, e sentir como “respiram” os 59 cantores e os 29
instrumentistas que, com muito talento e cumplicidades à mistura, embarcaram nesta bem
porfiada aventura musical – uma verdadeira declaração de amor à música, à arte e à vida. Um
trabalho consistente e de altíssima qualidade, onde cabe todo o nosso imaginário e toda a nossa
memória coletiva.
(1) O subscritor destas linhas, contribuindo com três poemas, orgulha-se de fazer também
parte desta alegre tripulação.
parte desta alegre tripulação.