ao meu irmão Raimundo Dores
Carlos Neto, professor há quase 50 anos, catedrático da Faculdade de Motricidade Humana
da Universidade de Lisboa e um dos maiores especialistas mundiais na área da brincadeira e do
jogo, é autor do livro Libertem as crianças – a urgência de brincar e ser ativo (Contraponto
Editora, 2020) que acabo de ler com muito interesse e proveito.
da Universidade de Lisboa e um dos maiores especialistas mundiais na área da brincadeira e do
jogo, é autor do livro Libertem as crianças – a urgência de brincar e ser ativo (Contraponto
Editora, 2020) que acabo de ler com muito interesse e proveito.
Estamos perante uma das vozes mais ativas na defesa de um novo conceito de escola, da
importância da ecologia na educação, na mudança de qualidade de vida de miúdos e graúdos.
Tornou-se viral a sua afirmação de que “estamos a criar uma geração de totós, de uma
imaturidade inacreditável”, e por defender o regresso das crianças a uma vida mais ativa e natural.
importância da ecologia na educação, na mudança de qualidade de vida de miúdos e graúdos.
Tornou-se viral a sua afirmação de que “estamos a criar uma geração de totós, de uma
imaturidade inacreditável”, e por defender o regresso das crianças a uma vida mais ativa e natural.
Segundo este pesquisador, existe uma iliteracia física crescente nos petizes, que vem de
uma grande inatividade, com muitos medos e superproteção por parte dos adultos. As crianças
não se podem sujar, não podem andar à chuva, não podem subir às árvores, não podem cair… O
trajeto casa-escola-casa, que antes era feito a pé juntamente com os colegas, passou a ser feito de
carro e autocarro. Resultado: os mais pequenos estão a ficar cada vez mais imaturos em
habilidade e destreza física. E dá vários exemplos: crianças de 3 anos queixam-se de que estão
cansadas ao fim de 20 minutos de brincadeira; outras, aos 5 anos, nem sequer sabem dar uma
cambalhota e, aos 7 anos, são capazes de programar em computador, mas não sabem atar os
sapatos…
uma grande inatividade, com muitos medos e superproteção por parte dos adultos. As crianças
não se podem sujar, não podem andar à chuva, não podem subir às árvores, não podem cair… O
trajeto casa-escola-casa, que antes era feito a pé juntamente com os colegas, passou a ser feito de
carro e autocarro. Resultado: os mais pequenos estão a ficar cada vez mais imaturos em
habilidade e destreza física. E dá vários exemplos: crianças de 3 anos queixam-se de que estão
cansadas ao fim de 20 minutos de brincadeira; outras, aos 5 anos, nem sequer sabem dar uma
cambalhota e, aos 7 anos, são capazes de programar em computador, mas não sabem atar os
sapatos…
Mesmo que os pais lhes queiram dar mais liberdade, o tempo que têm não o permite. Esta
situação está longe de ser resolvida e as crianças continuam escravas do tempo dos pais. Têm
currículos extensos e intensos e continuam com pouco tempo para se mexerem.
situação está longe de ser resolvida e as crianças continuam escravas do tempo dos pais. Têm
currículos extensos e intensos e continuam com pouco tempo para se mexerem.
Carlos Neto denuncia o facto de as escolas não possuírem espaços decentes para brincar,
já que o recreio não é enquadrado no projeto educativo, mas “um espaço de ninguém” onde as
crianças vão gastar umas energias entre as aulas. Segundo este autor, o espaço exterior também
deve ser um espaço de aprendizagem, não uns metros de cimento sintético. E o problema reside
precisamente aqui: as crianças passam a maior parte do dia fechadas dentro de salas de aula. Os
períodos de recreio são cada vez mais curtos e os espaços de brincadeiras padronizados,
aborrecidos e pouco desafiantes.
já que o recreio não é enquadrado no projeto educativo, mas “um espaço de ninguém” onde as
crianças vão gastar umas energias entre as aulas. Segundo este autor, o espaço exterior também
deve ser um espaço de aprendizagem, não uns metros de cimento sintético. E o problema reside
precisamente aqui: as crianças passam a maior parte do dia fechadas dentro de salas de aula. Os
períodos de recreio são cada vez mais curtos e os espaços de brincadeiras padronizados,
aborrecidos e pouco desafiantes.
Como se isto não bastasse a pandemia veio agudizar o sedentarismo do corpo imóvel. “As
crianças não podem ficar reféns dos telemóveis. É preciso hoje, com urgência, que os pais
descubram com os filhos a rua, os espaços verdes, as praias”.
crianças não podem ficar reféns dos telemóveis. É preciso hoje, com urgência, que os pais
descubram com os filhos a rua, os espaços verdes, as praias”.
“Os seus filhos já viram pirilampos?”, pergunta o autor. E acrescenta que a falta de
contacto dos mais pequenos com a natureza é algo de muito grave, com consequências físicas já
provadíssimas, como a falta de vitamina D e o aumento de miopias. E aconselha: “Os melhores
objetos que uma criança pode ter são um skate, uma bola e uma corda de saltar. Levem as
crianças a contemplar a natureza, porque quem não sabe contemplar a natureza também não
sabe contemplar-se a si mesmo. Escutar o mundo que me rodeia é escutar o meu corpo”.
contacto dos mais pequenos com a natureza é algo de muito grave, com consequências físicas já
provadíssimas, como a falta de vitamina D e o aumento de miopias. E aconselha: “Os melhores
objetos que uma criança pode ter são um skate, uma bola e uma corda de saltar. Levem as
crianças a contemplar a natureza, porque quem não sabe contemplar a natureza também não
sabe contemplar-se a si mesmo. Escutar o mundo que me rodeia é escutar o meu corpo”.
Por conseguinte, recomendo vivamente a leitura de Libertem as crianças, uma espécie de
grito de alerta para pais e educadores.
grito de alerta para pais e educadores.