A Portaria da Secretaria Regional da Energia, Ambiente e Turismo que cria o regulamento de acesso ao Ilhéu da Praia foi publicada ontem em Jornal Oficial, reproduzindo efeitos a partir do dia 1 de julho.
O regulamento define um trilho de visitação na parte leste e restringe as visitas ao período entre 1 de julho e 15 de abril, com um máximo diário de 20 visitantes, 2 dias por semana, no período de 1 de julho a 15 de novembro, e 5 dias por semana, no período de 16 de novembro e 15 de abril, com os grupos serem obrigatoriamente acompanhados por um Guia de Parques Naturais e um Vigilante da Natureza.
O acesso está sujeito ao pagamento da taxa de conservação da natureza (4 euros por visitante), exceto se o visitante for residente nos Açores.
A Reserva Natural do Ilhéu da Praia foi criada em novembro de 2008, integrada no Parque Natural da Ilha Graciosa, cujo regime consta do Decreto Legislativo Regional n.º 45/2008/A, de 5 de novembro. A classificação como área protegida tem como objetivos a gestão e preservação de habitats, ecossistemas e espécies, a manutenção de processos ecológicos e a proteção das características estruturais da paisagem, bem como dos elementos geológicos, geomorfológicos e afloramentos rochosos do Ilhéu da Praia.
O Ilhéu da Praia, para além de integrar a Rede de Áreas Protegidas dos Açores, ostenta o estatuto de Zona de Proteção Especial (ZPE), no âmbito da Rede Natura 2000, constitui uma Important Bird Area, de acordo com os critérios da BirdLife International, e integra a zona núcleo da Reserva da Biosfera da Ilha Graciosa, designada pela UNESCO em 2007.
Com uma área de cerca de 10 hectares, 1,6 quilómetros de perímetro e uma altura máxima de 52 metros, o Ilhéu da Praia é sítio de nidificação das principais espécies oceânicas de avifauna, designadamente o cagarro (Calonectris borealis), o garajau-rosado (Sterna dougallii), o garajau-comum ( Sterna hirundo), o frulho (Puffinus lherminieri baroli), o painho-da-madeira (Hydrobates castro), e, com destaque especial, o painho-de-monteiro (Hydrobates monteiroi), um endemismo local, descrito em setembro de 2008, que nidifica maioritariamente, se não exclusivamente, nos ilhéus da Graciosa.
Por outro lado, o Ilhéu da Praia apresenta uma flora natural relevante, da qual se destaca um invulgar prado costeiro de vidália (Azorina vidalii), única espécie do género Azorina, endémico dos Açores. Coabitando com a vidália, ocorrem no Ilhéu da Praia outros endemismos da flora açoriana como a salsaburra (Daucus carota ssp. azoricus), o bracel-da-rocha (Festuca petraea), a urze (Erica azorica), a Spergularia azorica, o Carex hochstetteriana, o cubres (Solidago azorica), o Tolpis succulenta e a faiada-terra (Morella faya), estes dois últimos endemismos macaronésicos.
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