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Este conteúdo fez parte do "Blogue Comunidades", que se encontra descontinuado. A publicação é da responsabilidade dos seus autores.
Imagem de José Joaquim Serpa,
Um Poeta Só Para Amigos
por NUNO VIEIRA
Comunidades 21 mai, 2017, 17:06

José Joaquim Serpa, Um Poeta Só Para Amigos por NUNO VIEIRA

Nem todos os santos sobem ao altar. Nem tudo o que se escreve vem a lume. O professor, poeta, José Joaquim Serpa, na sua muita modéstia, optou por revelar o seu talento poético apenas a amigos mais chegados, numa brochura preparada particularmente e intitulada Décima Ilha, onde publica 148 poemas, agrupados em 7 categorias que, per se, de alguma maneira, são indicativas do seu conteúdo temático: Da pátria, De mim, De ti, De eros, De outros deuses, Domésticos e Vários.
No rosto da sua obra, José Serpa explica o acontecer da sua poesia e as suas reservas pessoais em publicá-la:
“Poemas que foram acontecendo ao longo da vida. Alguns são produto dos verdores da juventude e pouco dizem. Outros são mais maduros, fruto de muitos trambolhões e de algumas desilusões que foram acontecendo também. Todos (ou quase todos) são testemunhos de vivências muito pessoais, por vezes muito íntimas, e podem até não terem grande sentido para estranhos. Por isso os revelo apenas aos amigos mais chegados.”
Talvez, inadvertidamente, nos dois primeiros versos do poema Injusto deus, p. 94, José Serpa dá-se conta do seu dom pessoal: “Porque me destes alma de poeta / E me fizeste provar do teu saber…”. Ou ainda, o poema Simples Poesia, p. 37: “Recebi hoje uma revelação / Que me foi dada / De graça / A poesia é tão simples / Como a simplicidade. / É abandono / A um poder maior / Que vem de dentro, / Como orgasmo. / Se queres ser poeta, / Faz-te cristal / Para que passe o verbo / Que vem do fundo / De ti, / Desde o princípio…”
A sua poesia atravessa línguas, fronteiras, e culturas. Escreve em Português e Inglês e intitula alguns dos seus poemas em Latim. Os seus conhecimentos da História de Portugal, dos Clássicos e das Escrituras são parte intrínseca das suas vivências do dia-a-dia; não são meros nomes ou datas decoradas como aluno ou professor. Entre outros nomes, aparecem os de Sebastião da Gama, o Infante, a Infanta, Gonçalo Velho, Ciprião de Figueiredo, Corte Real, Camilo Pessanha, Gama, Cabral, Perestrelo, Homero, Ulisses e Sísifo. Desde jovem, o escritor José Serpa propôs-se a desvendar os longes da distância e a fecundá-los, p. 5. Essa mesma determinação explica o titulo do seu livro – Décima Ilha – justificado na citação da capa: “…um outro amor que me nasceu dum sonho que sonhou Corte Real e se esbateu nos longes da distância por onde transcendia Portugal…”
Em entrevista concedida, acerca de um ano, ao Fórum das Flores, o poeta e escritor José Serpa, agora, em idade octogenária, esclarece que, as suas visitas, nos últimos anos, à ilha do seu nascimento, têm como objetivo um encontro com as suas emoções. No seu livro, Décima Ilha, em edição preparada para amigos no ano de 2002, o poeta revela, em versos soltos e sonetos, sentimentos pessoais que são universais e humanos. As qualidades da poesia lírica, especificadas pelo antigo jornalista Agostinho de Campos, encontram-se nos poemas de José Serpa: sentir de outra maneira nova e original o que todos sentem sem poder exprimir-se. São assim os poetas. É assim o poeta Serpa. Há que notar que os seus sonetos nascem ritmados e metrificados segundo os cânones de uma boa harmonia.
No poema O Chamamento, pp. 24 e 25, o poeta expressa a frustração do encontro: Viver é caminhar / Constantemente / Na esperança de um encontro / que apenas se presente… / e eu caminho como se alguém / Algures / Me chamasse… / O poema continua: Encontro frustrado, / Caminho qualquer… / Ninguém me procura / E a voz que murmura / Nem sei se me chama / Se é eco de um choro / que eu próprio chorei… Noutro poema, A Vida, p. 29, a frustração manifesta-se na incógnita do destino: É longa a rota / E é remota a estrela / Desta navegação… / Incógnito o destino / Cujo eco, somente, / É conhecido…
Os seus poemas ocorrem em linguagem simples e sucinta. Vejam-se estes dois: Primeiro: Viver, p. 119: Viver é arriscar / Quotidianamente, / O encontrar / Aquela encruzilhada / Inevitável… Segundo: Tudo, p. 146: O tudo é nada / É mudo e imutável… / E este querer ser tudo / E não ser nada / É tudo em mutação…
Não posso deixar de citar o poema A Saudade, sobretudo, agora, depois de ter lido o capítulo “Saudade – um mistério sem grande mistério” pp. 223-226, da recente publicação de Onésimo Teotónio de Almeida sob o título A Obsessão da Portugalidade. Onésimo escreve: a beleza sonora de <> – leve, doce, suave – deve ter ajudado em preferida dos poetas. Mas isso não faz dela algo misterioso que os estrangeiros não possam nunca entender ou sentir. De José Serpa, pg. 145: Saudade é pena / De ter sido e já não ser. / É ter braços de vento / Para abraçar / E pés de chumbo / para regressar…
O escritor José Joaquim Serpa é conhecido pelos leitores do Portuguese Times através das suas crónicas – Cartas aos meus sobrinhos – nas quais, José Serpa usa o método socrático do diálogo, quer com sobrinhos quer com vizinhos, para discorrer sobre os mais variados temas. De maneira hábil, José Serpa conduz os seus interlocutores à maiêutica socrática – arte de fazer nascer ideias. José Serpa é também conhecido pela sua intelectualidade; ainda, há dias, colocou nas páginas do Facebook, a questão: qual a diferença entre Teologia e filosofia da Religião? Ao fim de alguns dias, obteve uma resposta dada pelo seu irmão, o psicólogo Anthony DeSerpa.
Bonum diffusivum sui est. O que é bom tende a difundir-se. É assim que gostaria de ver o professor José Joaquim Serpa, sem muita demora – tempus fugit – tomar conselho com alguém de opinião mais autorizada do que a minha e decidir-se a difundir a poesia da Décima Ilha pelo grande público. Com isso, prestigiaria a sua ilha e seria mais um valoroso contributo para a literatura da diáspora. Como se poderá ver no poema “O berço”, p. 10, na Décima Ilha, José Serpa nunca se desvinculou dos seus Açores: Oh terra açoriana… / Mãe doce, mãos de espuma / E carícias de sal, / Ninguém te pode amar, como eu te amo, / Que só amor de filho é filial… / Chamem-te muito embora Portugal… / Eu, que de ti nasci / E te conheço / Sei muito bem / Qual a distância / Do meu berço / Ao pátrio domicílio / Original.
O professor José Joaquim Serpa nasceu na freguesia do Lajedo, Ilha das Flores. Mudou-se para o Faial onde estudou no Liceu da Horta e se formou como professor do Magistério Primário. Foi professor do ensino primário no Continente. Ao mesmo tempo, frequentou a Faculdade de Direito, na Universidade de Lisboa. Quando já estava no terceiro ano, emigrou para os Estados Unidos, em 1970. Aqui, completou mestrados e especializou-se em diferentes ramos das Ciências de Educação. Foi professor e diretor, com grande sucesso, do Programa Bilíngue de Brockton, um dos maiores do Estado de Massachusetts. Presentemente, vive na Vila de Stoughton com sua mulher, também professora, a Sra. D. Júlia Serpa. Já aposentado, renovou a casa, que era dos seus avós, na Costa do Lajedo, um pequeno povoado com cerca de 30 pessoas. O sossego desta localidade, um vale protegido pela rocha dos Bordões e não muito longe das lagoas Rasa e Funda, tem-lhe sido fonte de serenidade e inspiração nesta fase da sua vida. José Joaquim Serpa, professor, pedagogo, escritor e poeta é um intelectual que possui o dom de comunicar conceitos profundos em linguagem simples e clara.

Nuno A Vieira
Coluna Notas de Rodapé
Publicado originalmente no jornal Portuguese Times.

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