"A responsabilidade agora está do lado da Cofaco, de responder às questões colocadas. Da nossa parte, os prazos estão muito claros. Se tudo correr bem, talvez no final deste mês possamos ter a candidatura aprovada", declarou o secretário regional do Mar, Ciência e Tecnologia, Gui Menezes.
O governante falava no Pico depois de ter sido ouvido pela comissão de Economia da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores a propósito da Cofaco, conserveira dona, por exemplo, da fábrica Bom Petisco, que em janeiro anunciou o despedimento de mais de 160 pessoas.
"Se eu não fosse otimista, se calhar não estava aqui", vincou Gui Menezes, falando sobre todo este processo e aproveitando para criticar "forças políticas" que se "aproveitaram" dos trabalhadores da Cofaco.
E concretizou, falando "em particular" do PCP e do BE: "Lamento que algumas forças políticas se tenham aproveitado nos últimos dias e no último mês dos trabalhadores da Cofaco para atingirem o Governo Regional e para tentarem colocar no Governo Regional o ónus da culpa do que quer que fosse".
O executivo aguarda agora que a Cofaco faça um aumento de capital de cerca de um milhão de euros e resolva um "pequeno pormenor" num equipamento que pretende adquirir, querendo o Governo Regional saber por que motivo a conserveira quer adquirir esse equipamento ao invés de outros dois orçamentados num menor valor.
Também hoje foi ouvida no parlamento açoriano a administração da Cofaco, que garantiu a construção de uma nova unidade na ilha do Pico, prevendo que, "com algum conforto", a unidade deverá estar ativa até janeiro de 2020.
"Estamos no início de um percurso que culminará com uma fábrica nova (…) o que se prevê que ocorra num prazo de sensivelmente 18 meses", vincou Telmo Magalhães, administrador da Cofaco, falando aos jornalistas depois de ouvido na comissão de Economia da Assembleia Legislativa dos Açores.
"Com algum conforto", prosseguiu o responsável, até "janeiro de 2020" há condições para a fábrica estar ativa.
O projeto da fábrica está orçamentado em cerca de sete milhões de euros e aguarda agora parecer do Governo Regional dos Açores.
Questionado sobre os planos para os trabalhadores da empresa agora despedidos, o responsável diz que a empresa não tem "outras soluções para os postos de trabalho" a criar que não passem pelos trabalhadores agora dispensados.
A nova fábrica deverá arrancar com 100 trabalhadores, sendo previsível que passe para os 150 num período breve de tempo e "podendo ir até aos 250" efetivos, garantiu Telmo Magalhães.
O responsável da Cofaco foi ouvido à porta fechada, sem comunicação social.
A conserveira anunciou no início de janeiro o despedimento da totalidade dos trabalhadores na fábrica do Pico, prometendo a readmissão no futuro da maioria dos quadros.
Foi através do Sindicato de Alimentação, Bebidas e Similares, Comércio, Escritórios e Serviços dos Açores que se soube, em 09 de janeiro, que a administração da conserveira se havia reunido com os trabalhadores da empresa no Pico para os informar de que todos seriam despedidos — com direito a indemnização e fundo de desemprego –, deixando a Cofaco de laborar naquela ilha até à construção de uma nova fábrica.
Logo aí ficou junto dos trabalhadores uma "promessa verbal" de que quando a nova fábrica estiver concluída, o que poderá acontecer "entre 18 meses e dois anos", a maioria dos quadros seria readmitida.
Recentemente ficou a saber-se que os representantes da empresa recusaram duas propostas dos trabalhadores para a realização de uma ação de ‘lay-off’ e sua integração na eventual construção de nova fábrica na ilha do Pico.