A Assembleia Legislativa, reunida esta semana na Horta, debateu hoje, a pedido do PPM, os resultados das escolas açorianas na tabela, divulgada recentemente, que avalia as escolas nacionais.
O deputado único do PPM, Paulo Estêvão, definiu os resultados como "inaceitáveis" para os Açores.
"Estamos na cauda do país em termos de resultados obtidos nos exames nacionais", lamentou, acrescentando que "os sucessivos governos socialistas" na região "não conseguem retirar" os Açores "da cauda nacional em termos de sucesso educativo".
"Não conseguem. A ação política do atual secretário da Educação e Cultura constitui um fracasso absoluto. Um desastre sem paliativos", prosseguiu Paulo Estêvão.
O governante com a tutela da Educação, Avelino Meneses, reiterou que a estratégia governamental neste setor assenta no ProSucesso — Açores pela Educação, que já demonstra resultados "mensuráveis e encorajadores".
Os ‘rankings’, vincou o governante, devem ser vistos "com rigor e responsabilidade", sendo que os "progressos" na região não são visíveis porque as provas do 9.º ano e os exames do ensino secundário "ainda não refletem" as políticas do ProSucesso, que "só agora chegam sistematicamente" ao 3.º ciclo do ensino básico.
Pelo PS, partido em maioria no parlamento açoriano e que governa a região, a deputada Sónia Nicolau defendeu que a "diferença para a média nacional está a ser encurtada" no que se refere aos resultados das escolas açorianas.
O maior partido da oposição, o PSD, pelo deputado Jorge Jorge, defendeu ser importante "constatar que, ao longo dos anos, os dados revelem uma Educação cada vez mais desigual, assimétrica e a várias velocidades" na região.
"Ou seja, ao contrário de algumas críticas, os ‘rankings’ podem ser um instrumento de denúncia da falta de equidade e da injustiça social de um sistema educativo que engana muitos alunos com promessas de um ilusório sucesso", sublinhou o parlamentar.
Ainda de acordo com o social-democrata, os resultados nos Açores não são culpa de "falta de escolas" ou "falta de bons docentes", antes resultam da falta do Governo Regional de garantir "às crianças e jovens dos Açores as condições físicas e mentais necessárias para uma aprendizagem, para uma valorização da educação".
Ainda à direita, o CDS-PP, pelo seu líder Artur Lima, reconheceu haver "mais vida" além dos ‘rankings’, mas não deixou de demonstrar preocupação pelos "consecutivos maus resultados obtidos" nos Açores.
A estabilidade do corpo docente foi defendida pelo centrista, para quem "era preciso que os professores estivessem motivados" e que o executivo regional "não lhes fizesse guerrilha permanente".
"Era preciso que os professores e os alunos tivessem condições nas escolas. Era preciso combater a desmotivação e a tristeza que afetam a comunidade educativa", vincou ainda.
O parlamentar do PCP na Assembleia Legislativa dos Açores, João Paulo Corvelo, sustentou que os "sucessivos governos do PS" na região têm "desvalorizado a escola pública", e deve ser questionado, por exemplo, "por que há alunos propostos para apoio, mas que não o têm".
A "sobrecarga" horária dos docentes foi também assinalada pelo comunista, para quem não se deve usar o trabalho de alunos e docentes como "arma de arremesso".
O Bloco de Esquerda, pelo deputado António Lima, diz ser necessário ver o sistema educativo como "uma floresta", sendo os ‘rankings’ dos exames "uma árvore" que pode ser analisada, mas não substitui a reflexão do sistema "no seu todo".
O parlamentar bloquista lamentou que as metas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), no que refere ao setor da Educação, sejam uma "miragem para os Açores".