"Numa altura em que a MiratecArts está a comemorar nove anos de programação e receber um prémio internacional sabe bem. O que quer dizer, que de um pequeno cantinho de uma ilha no meio do oceano, podem-se mover montanhas. Ficámos contentíssimos por sermos nomeados e ainda mais por termos sido premiados numa categoria tão distinta como esta, em que só existe um prémio anual no mundo nesta categoria", disse Terry Costa, de 46 anos, diretor artístico da MiratecArts.
O prémio foi atribuído pela publicação britânica LUXlife, na sequência dos Prémios de Excelência Global e vem "incentivar a continuação do desenvolvimento do trabalho na promoção da cultural local".
"Este prémio veio incentivar o trabalho que temos aqui a partir dos Açores, que é basicamente desenvolver culturalmente e artisticamente os artistas e a programação açoriana e lançá-la para o mundo. Para isso criamos plataformas online. Muito antes da pandemia já comunicávamos através da internet inter-ilhas nas nove ilhas dos Açores para as nossas comunidades em todo o mundo e para outros artistas de vários países", sublinhou.
A MiratecArts foi fundada em 2012, na ilha do Pico, pelo luso-canadiano, contando com mais de 750 colaboradores e associados provenientes das nove ilhas do arquipélago, acolhendo mais de dois mil artistas de 64 países diferentes.
"Agora é um reforço para continuarmos a desenvolver este tipo de trabalho e claro cada vez mais abraçar quem nos quer visitar, quem pretende vir aqui pesquisar, e construir arte no meio do oceano atlântico", acrescentou.
A MiratecArts organiza os festivais ‘Montanha Pico Festival’, o ‘Azores Fringe’ e o ‘Cordas World Music Festival’, entre outros eventos culturais de renome nacional e internacionais.
Embora a pandemia não afetasse aquela região, como em outros pontos do mundo, metade da programação da associação foi adaptada através do formato online, com eventos de pequena dimensão, junto da natureza e com uma audiência muito limitada.
"Nos últimos meses em vez de termos audiências de 2.000 espetadores tivemos 200 durante um mês. Porque em vez de termos um espetáculo para 300 pessoas, fizemo-lo para oito a 12 pessoas. Adaptamos a nossa programação. Também investimos em projetos junto da natureza, e assim a nossa audiência fica ao ar livre diante do distanciamento físico e os nossos artistas podem desenvolver vários programas", frisou.
Quanto a planos para o futuro, a MiratecArts neste momento encontra-se a planear a nona edição do Festival Internacional de Arte ‘Azores Fringe’, que é considerado na opinião de Terry Costa "o evento mais democrático de Portugal" porque "não há júri".
Um festival que está acessível a qualquer artista que pretenda desenvolver o seu trabalho e agora com a pandemia poderá também fazê-lo através das plataformas online.
Licenciado em teatro, dramaturgia e estudos do cinema, pela Universidade de Toronto e pelo Sheridan College, Terry Costa, nasceu em Oakville, no Ontário, filho de emigrantes portugueses, mas há em 2011 mudou-se para a ilha do Pico.
O luso-canadiano é um dos mais de 500 mil candidatos provenientes de 239 países, ao projeto do bilionário japonês Yusaku Meazawa, Dear Moon (Querida Lua), uma viagem à volta da Lua.
A viagem de turismo espacial de seis dias a bordo do foguetão da SpaceX, em 2023, prevê uma volta circunlunar, junto da Lua, com a presença de um total de 10 a 12 passageiros, sendo oito deles convidados pelo japonês. .
"Já tenho o certificado oficial, já avancei para uma lista reduzida de 100 mil pessoas, onde serão escolhidas apenas oito. É o maior prémio de arte do mundo, no valor de 22 milhões de dólares (18,3 milhões de euros). Eu até gostava de fazer o campo de treino. Cada dia que passa sinto-me mais próximo desse objetivo, mas ao mesmo tempo sinto que estou mais longe de atingir esse sonho", concluiu.