A decisão governamental surge após uma reunião na terça-feira, na qual foi apresentado o contexto epidemiológico em relação ao novo coronavírus, nomeadamente no que concerne ao nível de população vacinada nos Açores.
"(…) No seguimento do que havia sido firmado na reunião do passado dia 10 de setembro, o Secretário Regional da Saúde e Desporto demonstrou que, na Terceira, se atingiu 82% de vacinação completa e 85% de população com contacto com uma toma da vacina, o que se justifica pelo elevado grau de mobilidade da população residente, sendo que apenas se verificam seis infetados, dois internamentos e que desde julho não se verificam óbitos nesta ilha", lê-se em comunicado.
Segundo o Governo Regional, as restantes ilhas de tradição tauromáquica já haviam alcançado "há muito este nível de vacinação completa".
"(…) Considerando o referido contexto epidemiológico e a Resolução do Conselho do Governo n.o 245/2021, de 12 de outubro, que permitem a realização de eventos de cariz cultural, social e desportivo, passam a não existir critérios que limitem a realização de touradas à corda, desde que verificadas as regras de comportamento social, no respeitante ao uso de máscara", salienta.
Num comunicado em conjunto, ao qual a agência Lusa teve acesso, os municípios de Angra do Heroísmo e Praia da Vitória e a Associação Regional de Criadores de Toiros de Tourada à Corda indicam que, "a partir desta data, as respetivas Câmaras Municipais passam a poder licenciar este tipo de eventos, sujeitos às restrições de policiamento e outras que seja necessário assegurar".
De acordo com as entidades, estão a ser diligenciados, junto do Grupos Parlamentares da Assembleia Legislativa Regional (ALRAA), "o prolongamento da presente época taurina por mais um mês (até ao próximo dia 15 de novembro) e a antecipação do início da próxima época taurina (2022), para a segunda-feira após a Páscoa".
As entidades esperam que a discussão seja levada à próxima sessão plenária da ALRRA, é acrescentado.
No domingo, o Governo Regional referiu que as tradicionais touradas à corda da ilha Terceira podiam ser retomadas assim que os Açores atingissem 85% de população vacinada contra a covid-19 ou números consolidados de incidência, internamentos e óbitos.
"Foi consensualizado o fim da limitação de realização de touradas à corda, logo que se alcance o nível de 85% de população vacinada na região ou percentagem inferior, desde que a ponderação consolidada dos fatores da incidência, número de internados e número de óbitos assim o sustentem", disse o titular da pasta da Saúde nos Açores, Clélio Meneses, sem adiantar previsões quanto à data para atingir aquela percentagem de vacinação no arquipélago.
O governante falava, em Angra do Heroísmo, na leitura de um comunicado conjunto assinado pelo próprio, pelo diretor regional da Saúde, pelos presidentes dos dois municípios da ilha Terceira (Angra do Heroísmo e Praia da Vitória) e pela direção da Associação Regional de Criadores de Toiros de Touradas à Corda, no final de uma reunião de quase duas horas.
Entre 01 de maio e 15 de setembro, realizam-se habitualmente mais de duas centenas de touradas à corda na ilha Terceira, aquela em que a tradição tem maior expressão nos Açores.
Nas touradas à corda, ao contrário do que acontece nas de praça, os touros correm nas ruas, amarrados por uma corda, num percurso delimitado, enquanto a população assiste, de forma gratuita, nas varandas ou nas estradas.
Desde o início da pandemia, que apenas foi autorizada a realização de touradas de praça, com entradas controladas e limitação da lotação.
Os Açores têm 152 casos ativos de infeção pelo coronavírus SARS-CoV-2 que provoca a doença covid-19, dos quais 140 em São Miguel, seis na Terceira, três no Faial e três no Pico.